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Workshop no Inpa encerra com palestra sobre o uso de plantas no entendimento do clima no Nordeste brasileiro

  • Publicado: Sexta, 29 de Janeiro de 2016, 17h31
  • Última atualização em Segunda, 15 de Fevereiro de 2016, 16h38

Para o pesquisador do Inpa Jochen Shongart, o evento foi positivo e com perspectivas para a celebração de parcerias entre as instituições participantes

Texto e foto: Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Como parte da programação de encerramento do workshop internacional no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o pesquisador Claudio Lisi da Universidade Federal de Sergipe (UFS) falou sobre a resposta que as plantas podem fornecer, através dos anéis de crescimento, ao clima que afeta o Nordeste do Brasil, mais especificamente na vegetação da caatinga.

Lisi é um estudioso na área de dendroecologia e anatomia vegetal e suas aplicações com anéis de crescimento de espécies arbóreas tropicais. “As cronologias que estamos obtendo têm sido comparadas com o registro de precipitação e da temperatura da superfície do Atlântico”, disse o pesquisador durante palestra, que teve como tema central desta sexta-feira (29), o uso de anéis de árvores e isótopos para entender a fisiologia das plantas.  

Segundo explica o pesquisador, o cedro (Cedrela odorata), uma espécie que ocorre, também, na região da caatinga, apresenta para a pesquisa um bom resultado, em termos de anéis de crescimento, como resposta a essas condições ambientais de precipitações.

“Estamos tentando conferir o que aconteceu no passado com o clima da região e identificar os anos que foram mais secos, se estão marcados nos anéis de crescimento das árvores e qual a periodicidade que isso acontece”, diz o pesquisador. “Se conseguirmos encontrar isso, talvez poderemos prever de quanto em quanto tempo poderá haver uma seca um pouco maior na região da caatinga”, acrescenta Lisi.  

O aluno de doutorado pelo Programa Ciências sem Fronteiras, Bruno Cintra, também palestrou sobre a análise de alta resolução de isótopos nos anéis de crescimentos das árvores. Segundo ele, esta é uma abordagem um pouco diferente da dendrocronologia. “É uma forma de tentar ver o que está acontecendo dentro do ano, ao invés de ver o que acontece entre os anos”.

“É uma coisa muito mais fisiológica e muito mais da resposta da planta ao que está acontecendo no ambiente em volta dela”, diz Cintra, que cursa doutorado na Universidade de Leeds (Reino Unido).

Para ele, o evento foi uma oportunidade de se encontrar com todos os orientadores da Inglaterra e também com o coorientador brasileiro (o pesquisador do Inpa Jochen Schongart). “Esta é uma oportunidade de estarmos todos juntos para discutir o projeto pessoalmente. Este evento para mim, também, é uma realização profissional de poder participar como palestrante”.  

O pesquisador do Inpa, Jochen Schongart, um dos organizadores do evento, avalia os resultados do workshop como positivo. “Foi interessante ver as novas pesquisas acontecendo na bacia amazônica com relação às variações climáticas, a influência dos oceanos no regime hidrológico e quais as implicações para os ecossistemas na floresta”, disse. “Com isso, temos um bom fundamento para formular novas parcerias com as instituições que participaram do workshop”, acrescentou.

Para Schongart, o workshop também beneficiou os jovens pesquisadores que estão iniciando trabalhos nas áreas de cronologia, isótopos estáveis e climatologia. “Com os treinamento realizados, com certeza, os alunos levarão novas ideias, terão novos conhecimentos de ferramentas em pesquisas, novas fontes de dados e aplicações de estatísticas. Isso os beneficiará para que possam aplicar no desenvolvimento de suas teses”.

Na opinião da pesquisadora em Geociências da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM) - Serviço Geológico do Brasil, no Amazonas, Silvia Gonçales, uma das participantes do workshop internacional, o evento contribuiu para agregar valor aos trabalhos dos pesquisadores que estiveram ao evento. “O workshop trouxe especialistas de várias partes do mundo e é importante essa interação entre os pesquisadores nacionais e estrangeiros. Para mim, também, serviu para abrir uma nova visão de estudos”, disse.

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