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No Inpa, pesquisador David Stahle, referência mundial em dendrocronologia, participa de encontro

  • Publicado: Segunda, 25 de Janeiro de 2016, 17h46
  • Última atualização em Segunda, 25 de Janeiro de 2016, 17h46

 

Durante a participação no encontro, o pesquisador falou sobre os trabalhos de reconstrução climática que desenvolveu no México, usando dados dos anéis de crescimento de árvores espalhados em vários pontos daquele país

Texto e foto: Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

“O desafio é achar árvores na Amazônia que tenham um bom potencial para fazer a dendrocronologia e a reconstrução climática”, disse o pesquisador da Universidade de Arkansas (Estados Unidos), David Stahle, na manhã desta segunda-feira (25), no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).

O pesquisador, que é referência mundial na área da dendrocronologia (método científico de estabelecer a idade de uma árvore baseado nos padrões dos anéis em seu tronco), participou do encontro entre especialistas de várias partes do mundo na área de hidrologia, climatologia, dendrocronologia e análises de isótopos na bacia amazônica.

David Stahle, pesquisador há mais de 30 anos, dedica sua vida acadêmica para construir dendrocronologia em todo o mundo, especialmente, no sudoeste do Estados Unidos, em colaboração com o México. Durante a participação no encontro, o pesquisador falou sobre os trabalhos de reconstrução climática que desenvolveu no México, usando dados dos anéis de crescimento de árvores espalhados em vários pontos naquele país.

A dendrocronologia é também uma boa ajuda para o estudo da climatologia dos tempos passados. “O México é um país muito diverso, tanto em termos de biodiversidade, culturais e climáticos. O país sofreu secas de longo prazo, causando impactos que refletiram uma certa instabilidade social”, comenta Stahle. “Boa parte do México é tropical e os trabalhos que foram desenvolvidos naquele país obtiveram sucesso com a dendrocronologia”, acrescenta.

Para o pesquisador, o trabalho desenvolvido no México serve como modelo para ser aplicado na Amazônia e tentar fazer o mesmo trabalho na reconstrução do clima. Os trabalhos desenvolvidos por Stahle tem o financiamento da Fundação de Ciência Nacional dos Estados Unidos, em colaboração com pesquisadores de várias instituições do mundo, dentre eles, o pesquisador do Inpa, Jochen Schongart, integrante do grupo de pesquisa Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Maua).

O evento também contou com a participação do pesquisador da Universidade de São Paulo, Gregorio Ceccantini, que falou sobre os anéis de crescimentos das árvores. Para o pesquisador, o estudo dos anéis de crescimento é importante, porque são uma expressão do crescimento das árvores ano a ano. Esse crescimento depende da hidrologia anual, de quanta chuva ocorreu em cada ano e qual a disponibilidade de água no solo. “Isso fica registrado nos anéis de crescimento”.

O pesquisador explica que as árvores não são iguais, mas as da mesma espécie registram as informações ambientais mais ou menos da mesma maneira em cada região. Ceccantini explica também que os trabalhos são realizados em São Paulo e em várias regiões do Brasil. “O que precisamos fazer é encontrar padrões de crescimento em cada região. E aí, conseguiremos identificar através dos anéis de crescimento as características do clima de cada região”, diz.

Ele conta que os trabalhos são realizados com várias espécies de árvores tropicais, mas preferem as espécies que demarcam bem os anéis de crescimento, como jatobá, cedro, castanheira e piquiá. “Essas árvores são o nosso alvo, mas parte do nosso trabalho também é descobrir outras espécies que registrem as informações climáticas e que consigamos reconhecer esses registros. Então, estamos sempre buscando novas espécies e novos registros. Cada árvore tem a sua assinatura, registram o ambiente da sua maneira”,diz Ceccantini.

Palestras

De acordo com o pesquisador do Inpa, Jochem Schongart, o encontro prossegue até na próxima sexta-feira (29). Durante o período da manhã, acontecem palestras abertas ao público, todas em inglês. Nestas palestras serão apresentados os atuais conhecimentos sobre o ciclo hidrológico na bacia amazônica, os fatores que controlam esses ciclos e como estes afetam o crescimento das árvores em forma de anéis de crescimento e isótopos estáveis.

À tarde, acontecem capacitações sobre novas ferramentas estatísticas e o básico sobre as análises dos anéis de crescimento, direcionadas aos alunos pós-graduação de várias instituições do Brasil e do estrangeiro.

“Este encontro entre os pesquisadores também é marcado pelas possibilidades de surgirem cooperações e de se criar redes de pesquisas e de cronologias para futuramente trazer conhecimento e novos dados sobre as mudanças do ciclo hidrológico”, diz Schongart, um dos responsáveis pelo encontro.

Para o estudante de doutorado da Universidade Federal do Paraná, Tomaz Longhi Santos, esse encontro é importante para saber o que há de novo dentro do campo de estudo de anéis de crescimento, quais as espécies que estão sendo utilizadas e quais são as suas potenciais utilizações. “Além do contato com outros pesquisadores e de se criar parcerias e fortalecer essa rede para o desenvolvimento de trabalhos que possam nos auxiliar a visualizar um espectro maior na questão de mudanças climáticas nas pesquisas que estão sendo desenvolvidas em diferentes lugares”.

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