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Inpa realiza expedição para a Serra da Mocidade em parceria com o CMA, Ufam e ICMBio

  • Publicado: Segunda, 11 de Janeiro de 2016, 16h02
  • Última atualização em Segunda, 11 de Janeiro de 2016, 16h15

 

Os trabalhos de pesquisas na Serra da Mocidade, em Roraima, envolverão mais de 70 profissionais, entre especialistas em diferentes grupos biológicos e equipe de apoio. A expedição partiu neste sábado (09 de janeiro)

Da redação da Ascom*
Foto: Fernanda Farias/ Ascom Inpa

Caracterizar a fauna e a flora de uma parte da Amazônia brasileira ainda desconhecida pela ciência e fornecer subsídios para o Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Mocidade. Estes são os objetivos de uma expedição que o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) realizará este mês.

Para firmar a cooperação entre o Inpa e o CMA, o vice-diretor do Inpa, Luiz Antônio de Oliveira; e o coordenador de Cooperação e Intercâmbio do Inpa (Coci), Basílio Vianez; reuniram-se com o General de Divisão Antônio Maxwell de Oliveira Eufrásio do Comando da 12ª Região Militar, nesta quinta-feira (7).

De acordo com o pesquisador Luiz Antonio de Oliveira, o convênio é grande e abrange várias áreas da pesquisa científica, que vão desde pássaros até répteis. “O apoio logístico é fundamental para a realização de pesquisas nas fronteiras”, afirmou.

Segundo o General de Divisão Antônio Maxwell de Oliveira Eufrásio, esta é uma ótima oportunidade para treinar seu pessoal em operações de selva, além de fortalecer laços com a comunidade científica. “O Comando Militar da 12° Região estará sempre de portas abertas para cooperações como está, em prol da Amazônia”, disse.

 

 


Expedição

Localizada no Estado de Roraima, a 70 quilômetros a Oeste da cidade de Caracaraí, a Serra da Mocidade é um maciço de montanhas de quase 2 mil metros de altitude, numa região remota e de difícil acesso. Uma pequena parte da serra está inserida dentro do Parque Nacional da Serra Mocidade e a maior parte fica em área de terra baixa, longe de qualquer serra vizinha.

De acordo com o pesquisador do Inpa e responsável pela expedição, o ornitólogo Mario Cohn-Haft, o isolamento das serras leva ao endemismo, que é a presença de criaturas que só ocorrem numa determinada região, e pelo grau de isolamento da Serra da Mocidade, acredita-se que ela terá uma flora e fauna parecidas com as encontradas nas outras serras ao Norte, mas talvez um pouco mais pobres por estar mais afastada.

“Nesse caso, a recolonização por bichos que se extinguem por acaso ao longo do tempo vai ser baixa, então é fácil perder espécies ao longo do tempo, sem nem ter interferência humana, só pelos processos naturais de dinâmica de população”, explica o pesquisador.

Se por um lado a Serra Mocidade deve ter uma fauna um pouco depauperada comparada às outras serras amazônicas, conforme Cohn-Haft, por não estar perto para ser recolonizada pelos bichos das outras montanhas, por outro lado, o grau de isolamento ao longo de milhões de anos significa que teve muito tempo para a fauna e flora terem desenvolvido suas próprias características e serem algo único. “E uma espécie que ocorre somente numa serra que nunca foi visitada antes necessariamente vai ser uma espécie nova”, revela o pesquisador

Os trabalhos de pesquisas na Serra da Mocidade serão desenvolvidos durante um mês e envolverão cerca de 70 profissionais, sendo pelo menos 50 especialistas (pesquisadores e técnicos) em diferentes grupos biológicos, como cobras, lagartos, sapos, morcegos, aves, mamíferos, peixes, aranhas, fungos e plantas. “São pesquisadores renomados que já descobriram muitas espécies pela Amazônia”, diz Cohn-Haft.

A Serra da Mocidade é uma região montanhosa, tal qual o Pico da Neblina e o Monte Roraima, e bem desconhecida. Trata-se de um complexo de serras isoladas por grandes extensões de terras baixas, o que dificulta o acesso. A imersão dos pesquisadores na Serra da Mocidade será acompanhada por uma produtora de São Paulo, que irá produzir um documentário das pesquisas e dos bastidores da expedição.

 

Logística

Para a realização da expedição, os pesquisadores contarão com a colaboração do Comando Militar da Amazônia (CMA/ Exército Brasileiro). A equipe e o material necessário serão levados até o alto da Serra de helicópteros. “O auxílio do Exército será fundamental nesta expedição. Os helicópteros serão imprescindíveis nos deslocamentos entre os acampamentos e na reposição de alimentos e equipamentos”, diz Cohn-Haft. A expedição também contará com a parceria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O pesquisador conta que qualquer serra acima de 1.000 metros possui uma vegetação diferente das florestas de terras baixas, por esse motivo as florestas serranas da Amazônia apresentam uma biodiversidade única e particular. “Para aves, por exemplo, é de se esperar nessa viagem que vamos encontrar pássaros de altitude. São pássaros amazônicos no sentido de que ocorrem na região amazônica, mas não são as espécies típicas de terras baixas”, diz o pesquisador.


*Por Luciete Pedrosa, Cimone Barros e Caroline Rocha/Ascom Inpa

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