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Inpa apresenta tecnologias sociais direcionadas para a geração de trabalho e renda

  • Publicado: Quarta, 09 de Dezembro de 2015, 16h53
  • Última atualização em Quarta, 09 de Dezembro de 2015, 17h27

Para a coordenadora de Tecnologia Social do Inpa, Denise Gutierrez, é impossível fazer inclusão social se não mexer com o setor produtivo

 

Por Cimone Barros (texto e foto) – Ascom Inpa

 

Com o tema trabalho e renda, teve início nesta terça-feira (09) o IV Workshop de Tecnologia Social do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT). No evento, que segue até esta quinta-feira, são apresentadas tecnologias sociais (TS), por meio de bens e serviços, que contribuem para a inclusão social na Amazônia, em especial ribeirinhos, produtores rurais e comunidades tradicionais.

 

Entre as práticas e experiências de tecnologias sociais voltadas para a geração de trabalho e renda desenvolvidas no Instituto estão: aproveitamento de madeira da Amazônia para a construção de instrumento musical – ukulele; a criação de abelha sem ferrão para a produção de mel; o intercâmbio de sementes na Amazônia para a agricultura indígena e o manejo de recursos pesqueiros em comunidades indígenas.

 

Para o diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França, a área de tecnologia social está crescendo no Instituto e não basta fazer pesquisa com foco em produtos, em patentes. “Sabemos que não existe desenvolvimento se o que é adquirido de conhecimento e formação de recursos humanos não se transformar em tecnologias e, em última análise, no bem-estar da população”, destacou França.

 

IVTecnologiaSocialFotoCimoneBarrosAscom 

 

De acordo com a coordenadora de Tecnologia Social do Inpa, Denise Gutierrez, o tema deste ano foi escolhido por se entender que é impossível fazer inclusão social se não mexer com o setor produtivo de alguma forma para fugir das perspectivas meramente assistencialistas que reificam o homem, que o estabelece como sujeito dependente, ignorante e carente que precisa de assistência. A proposta é superar essa visão, o que inclui uma postura ético-política, de afirmação de identidades.

 

“Entendemos que o homem amazônico está cansado desse discurso assistencialista, de promoção de grupos políticos partidários. Temos que assumir cada vez mais uma postura de validar, reconhecer e aproximar formas de conhecimento – do científico ao popular, ao tradicional – e a partir daí dar o salto qualitativo”, disse Gutierrez. “Isto é, pensar em forma de gerar circuitos produtivos autossustentáveis para de fato promover a verdadeira inclusão social”, completou.

 

Além do diretor do Inpa, participaram da abertura da mesa do workshop o secretário da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS/AM), Miberwal Ferreira; o diretor do Departamento de Ações Regionais para Inclusão Social do MCTI (Deare/Secis) Osório Coelho; e o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Henrique Tahan Novaes.

 

Avanços e desafios

 

IVTecnologiaSocial1FotoCimoneBarrosAscom

 

Na avaliação Henrique Tahan Novaes, do ponto de vista prático houve pouco avanço nas tecnologias sociais, especialmente quando se vê que o orçamento de TS do Ministério é só de 1%. Por outro lado, estão crescendo à medida que uma parte da comunidade científica tem adotado outros caminhos no campo da pesquisa, da extensão e da assistência técnica junto aos movimentos sociais e grupos variados – como assentamentos, movimento sem teto e lutas de quilombolas e seringais - que simbolizam outra estratégia de desenvolvimento.

 

“Este outro desenvolvimento está alicerçado na propriedade coletiva, em forma de auto-gestão, e não na acumulação de capital, na hierarquia das empresas”, disse Novaes, que é economista com Mestrado e Doutorado em Política Científica e Tecnológica.

 

Para o professor da Unesp, a superação do quadro apresentado depende de lutas internas e externas. Das externas, segundo ele, depende do avanço das lutas anticapital no mundo inteiro, da unificação das lutas dos movimentos sociais que em algum momento vão questionar a C&T capitalista, a crise ambiental, a crise do desemprego e a crise do trabalho explorado. “E, por dentro dos institutos, é preciso haver uma radical restruturação das agendas de pesquisas. Se isso não acontecer, acho difícil alguma mudança significativa”, ressaltou.

 

Em construção desde o primeiro semestre deste ano, o Inpa está finalizando o Plano Institucional de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologias Sociais, que norteará e orientará o planejamento, lançando os temas centrais de interesse na Amazônia dentro da capacidade do instituto nas áreas de tecnologia social. 

 

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