Workshop de Tecnologia Social do Inpa debaterá meios de gerar mais trabalho e renda para o interior
O objetivo do evento é mostrar como as tecnologias sociais, por meio de bens e serviços, contribuem para a inclusão social na Amazônia.Veja a programação
Por Caroline Rocha – Ascom Inpa
Fotos: Luciete Pedrosa e Gislene Zilse - Acervo
O IV Workshop de Tecnologia Social do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) trará temas ligados à geração de trabalho e renda na região, como a criação de abelhas sem ferrão e produção de mel, intercâmbio de sementes amazônicas na agricultura indígena e o potencial e uso sustentável das plantas medicinais para fabricação de biofármacos e biocosméticos.
O evento acontecerá na próxima semana (dias 9 e 10), no Auditório da Ciência, das 9h às 17h. As inscrições podem ser feitas pelo email: ivworkshoptsi@gmail.com,ou pelo telefone (92) 3643-3135, falar com Priscilla ou Evandro. As vagas são limitadas.
De acordo com a coordenadora do evento, Denise Gutierrez, o objetivo do evento é mostrar como as tecnologias sociais, por meio de bens e serviços, contribuem para a inclusão social na Amazônia, em especial, de ribeirinhos e produtores do interior.
Um dos desafios que as tecnologias sociais enfrentam na Amazônia e talvez o maior deles, segundo Gutierrez, é a mudança cultural. “A missão da ciência não é só produzir conhecimento. A intervenção do cientista no meio social é muito importante, pois os estudos podem apontar um problema e partir disso gerar uma tecnologia capaz de suprir o problema, como é o caso da segurança alimentar”, disse.
Outros temas como energias renováveis e o acesso à água potável em áreas remotas da Amazônia, o aproveitamento de resíduos florestais, manejo de recursos pesqueiros em comunidades indígenas e sistemas agroflorestais para áreas protegidas também serão discutidos durante os dois dias de evento. Confira a programação completa aqui.
Meliponicultura na Amazônia
Uma das palestras do evento é “Criação de abelhas sem ferrão e produção de mel na Amazônia: potencial para geração de trabalho e renda”, que será proferida pela pesquisadora do Inpa, Gislene Zilse. De acordo com Zilse, é possível uma família comum do interior se tornar meliponicultor.
“Basta se instruir sobre as técnicas de criação e produção fazendo um curso de Meliponicultura ou aprender diretamente com quem já realiza a atividade de criação de abelhas. A partir daí, deve adquirir as primeiras colmeias para iniciar a criação”, afirmou.
A palestra ainda discutirá sobre a vocação regional para a atividade de meliponicultura e as ações promovidas pelo Inpa na divulgação e capacitação de meliponicultores, além da experiência de colaborar com a Cooperativa de Criadores de Boa Vista do Ramos na obtenção do primeiro selo estadual para comercialização do mel de abelhas sem ferrão.
O mel possui alto valor nutricional e pode ser aplicado diretamente nos alimentos como adoçante ou consumido in natura. É também usado na fabricação de cosméticos, como cremes, batons, hidratantes e ceras depilatórias e serve, ainda, para a produção de remédios, como xaropes e soluções antissépticas.
Segundo a pesquisadora, a meliponicultura na Amazônia ainda tem muitos desafios a serem enfrentados, como por exemplo, as questões jurídicas, que envolvem desde a criação das abelhas silvestres até a caracterização detalhada dos produtos para comercialização.
“Apesar da atividade ser praticada por inúmeros criadores em todo o país, especialmente na Amazônia, já dominarmos a sua reprodução por meio da tecnologia e sabermos o potencial econômico dessa atividade, a meliponicultura ainda não é a principal fonte de renda dos criadores em função das questões legais”, disse Zilse.
A Amazônia tem uma tendência natural à criação destes polinizadores nativos, já que a maioria das espécies de abelhas sem ferrão, de acordo com Zilse, está presente na região. “Há centenas de meliponicultores na Amazônia, muitos organizados em cooperativas ou associações, mas não se tem número exato da quantidade de criadores na região”, informou.
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