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Metade de todas as árvores amazônicas pode estar globalmente ameaçadas

  • Publicado: Segunda, 23 de Novembro de 2015, 09h22
  • Última atualização em Quarta, 25 de Novembro de 2015, 10h17

Considerando que as mesmas tendências observadas na Amazônia são aplicáveis em todo o trópico, os pesquisadores argumentam que a maioria das mais de 40 mil espécies de árvores tropicais no mundo igualmente corre os mesmos riscos

 

Da Redação*

Foto: Sávio Filgueiras - Acervo pesquisador

 

Um novo estudo mostra que mais da metade de todas as espécies arbóreas da Amazônia, a mais densa floresta do mundo, podem estar globalmente ameaçadas. O estudo publicado na revista Science Advances, na sexta-feira (20), conta com a colaboração de pesquisadores e estudantes do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), e aponta que parques, reservas e terras indígenas, se bem gerenciados, podem proteger a maioria das espécies ameaçadas.

 

As florestas na Amazônia estão sendo afetadas pelo uso da terra desde os anos 50, mas os cientistas ainda possuem pouco conhecimento de como isto tem prejudicado as populações de espécies arbóreas.

 

O estudo foi realizado por uma equipe composta por 158 pesquisadores de 21 países, liderada por Hans ter Steege, do Naturalis Biodiversity Center, na Holanda, e Nigel Pitman, do Field Museum, em Chicago, nos EUA.

 

 

Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Flavia Costa, este estudo só foi possível graças à integração de dados de pesquisadores em dezenas de instituições de pesquisa. “O que demonstra a necessidade vital de bases de dados integradas para entender as ameaças à biodiversidade e fazer planejamento de sua gestão”, diz a pesquisadora.

 

 

“Com os cortes atuais no financiamento de pesquisa, as ameaças a outros grupos biológicos podem continuar desconhecidas até que seja tarde demais para agir”, afirma a pesquisadora Flavia Costa.

 

Pesquisadores compararam os dados de inventários florestais ao longo da Amazônia com mapas de desmatamento atuais e futuros para estimar quantas espécies arbóreas já foram perdidas e onde o problema é mais grave.

 

 

Os autores concluíram que a Amazônia pode abrigar mais de 15.000 espécies arbóreas, dentre as quais 36% a 57% estão globalmente ameaçadas, segundo os critérios de avaliação da lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (na sigla em inglês, IUCN).

 

O pesquisador Pitman afirma que o estudo não aponta que a situação na Amazônia se tornou repentinamente pior pra as espécies arbóreas. “Estamos apenas oferecendo uma nova estimativa de como estas espécies têm sido afetadas pelo desmatamento histórico e como ainda serão afetadas pela perda de florestas no futuro”, diz.

 

 

A equipe de pesquisadores havia relatado na Science em 2013 que a Amazônia pode abrigar mais de 15.000 espécies de árvores. O novo estudo estima que mais de 8.690 destas espécies podem ser extintas.

 

Tendência

 

Considerando que as mesmas tendências observadas na Amazônia são aplicáveis em todo o trópico, os pesquisadores argumentam que a maioria das mais de 40 mil espécies de árvores tropicais no mundo igualmente corre os mesmos riscos.

 

 

Felizmente, segundo afirmaram os autores, as áreas protegidas e terras indígenas cobrem no momento mais da metade da Bacia Amazônica e igualmente contêm consideráveis populações da maioria das espécies ameaçadas.

 

“Estas são boas notícias da Amazônia, ainda não muito conhecidas“, afirma o pesquisador ter Steege. “Nas décadas recentes os países amazônicos têm feito grandes avanços na expansão de parques e no fortalecimento dos direitos indígenas à terra”, continua. “E nosso estudo mostra que isto traz grande benefícios para a biodiversidade".

 

Os autores alertam que as florestas e reservas amazônicas ainda enfrentam uma barreira de ameaças, da construção de barragem e mineração, a queimadas e secas, intensificadas pelo aquecimento global, além da invasão direta de terra indígenas.

 

“Esta é uma batalha que nós veremos se desenrolar em diferentes épocas“, afirma William Laurance da James Cook University na Australia.  “Ou nos levantamos para proteger estes importantes parques e reservas indígenas, ou o desmatamento irá corroê-los até presenciarmos extinções em larga escala”, afirma Laurance.

 

Dos 158 pesquisadores envolvidos, 33 são pesquisadores ou ex-alunos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e 15 são pesquisadores ligados ao Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), do MCTI. As parcelas do PPBio representam 11% do conjunto de parcelas usadas no estudo.

 

*Com informações da Science Advances

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