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Inpa, Eletronorte e Governo do Amazonas estabelecem acordo para preservar a Ducke

  • Publicado: Segunda, 16 de Novembro de 2015, 14h27
  • Última atualização em Segunda, 16 de Novembro de 2015, 14h29

Para reduzir os impactos ambientais causados pela construção de linha de transmissão em área contígua à Ducke, serão realizadas várias ações, como a criação de corredor ecológico, a construção de cerca de arame 10 km de extensão ao longo da reserva, construção de passarelas para passagem de animais sobre igarapés e estrada e programas de educação ambiental

 

Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Foto: Paulo Maurício – Acervo do pesquisador

 

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a Eletronorte e o Governo do Amazonas negociaram ações para minimizar e compensar os impactos causados pela passagem por dentro da Reserva Adolpho Ducke de duas linhas de transmissão de energia da subestação Jorge Teixeira/Lechuga, que integra a instalação do Linhão de Tucuruí (PA).  O acordo foi firmado em Termo de Compromisso mediado pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM).

 

Pelo Termo de Compromisso (TC) nº006/2015, a Eletronorte se compromete a construir uma cerca de aproximadamente dez quilômetros ao longo da lateral leste da Reserva Ducke, administrada pelo Inpa, além de executar outras medidas corretivas e compensatórias que somam cerca de R$ 1,3 milhão.

 

Já o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), criará, no prazo máximo de um ano, o corredor ecológico para restabelecer a conexão da reserva com a área de floresta nativa na região do Puraquequara, zona Leste de Manaus. A criação do corredor ecológico oferecerá condições de circulação e reprodução da fauna.

 

O empreendimento, que é de responsabilidade da Eletronorte, está localizado na região do Lago do Puraquequara próximo à Reserva Ducke e causou impactos que agora são tratados no âmbito do Termo de Compromisso, assinado em setembro deste ano pelas três instituições. A subestação de Jorge Teixeira/Lechuga, que fica no Km 22 da Rodovia AM-010 (Manaus-Itacoatiara), gerará energia de alta tensão com capacidade de 230 kV. A obra do linhão é uma promessa para acabar com os problemas de energia elétrica no Amazonas e conectar a Região Norte ao Sistema Interligado Nacional (SIN). 

 

No início deste mês (5), representantes do Inpa e da Eletronorte realizaram a primeira reunião de planejamento das ações que deverão ser executadas de acordo com o TC. “Agora, estamos discutindo as ações para implementar essas atividades que  foram previstas no Termo de Compromisso”, diz a pesquisadora do Inpa Rita Mesquita, que também faz parte da comissão técnica de avaliação. 

 

LinhaoDuckeFotoPauloMauricio1Acervo pesquisador

 

Conforme descrito no TC, os corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais que possibilitarão o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e recolonização de área degradadas, além da manutenção de populações que demandam, para a sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquelas unidades individuais.

 

Em agosto de 2014, o Inpa criou uma comissão técnica para avaliar e emitir parecer técnico sobre os impactos da construção dos empreendimentos da Eletronorte sobre a conectividade da Reserva Ducke com a região do Lago do Puraquequara. As obras de instalação dos linhões já preocupavam os pesquisadores do Inpa, desde 2010, quando buscaram junto à empresa de energia alternativa para minimizar os efeitos dos prejuízos causados à reserva.  O TC foi gerado em referência ao Inquérito Civil Público aberto em 2013 pelo MPF.

 

Mesquita explica que o corredor ecológico terá uma gestão com a participação de técnicos do Inpa, da Eletronorte, do Museu da Amazônia (Musa), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Exército Brasileiro por meio do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs), Sema, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semma), e de representantes das associações dos agricultores e moradores da área e de algumas ONGs que atuam naquele local.

 

Ações

 

Conforme o termo de Compromisso, a Eletronorte deve realizar uma série de ações para mitigar o dano ambiental causados pelas linhas de transmissão. Entre elas estão a construção de passarelas para passagem de animais sobre os igarapés, nos corredores ecológicos, e nas estradas, em locais previamente indicados pelo Inpa, para garantir o livre trânsito da fauna entre a Ducke e a região do lago do Puraquequera; a instalação de redutores de velocidade e sinalização de advertências, na estrada que cortará os corredores ecológicos; e instalação na estrada de acesso nas torres 34 e 35 dentro da Ducke, em caráter de urgência, dois portões de entrada e saída.

 

A Eletronorte também terá de apresentar e executar programas de educação ambiental nas comunidades envolvidas, referentes à gestão dos corredores ecológicos, principalmente quanto às atividades permitidas na faixa de servidão. O objetivo é impedir o corte raso da vegetação, além de orientar os proprietários rurais sobre as salvaguardas referentes à caça, pesca, uso de fogo e de defensivos químicos.

 

Reserva Adolpho Ducke

 

 

A Reserva Florestal Adolpho Ducke, localizada no Km 26 da AM-010 é uma área de 10 mil hectares (como se fosse um grande quadrado no mapa de 10 km x 10 km) de mata de terra firme e serve como suporte para vários segmentos das pesquisas do Inpa e de outras instituições nacionais e internacionais. 

 

A Ducke está cercada pela cidade e sofre com a pressão urbana. A reserva abriga uma infinidade de plantas e animais e é uma das áreas mais bem estudadas da Amazônia brasileira. 

 

Dentre as espécies mais comuns encontradas na Ducke estão cutias (Dasyprocta leporina); esquilos (Sciurusw aestuans), veados (Mazama americana), antas Tapirus terrestri) e furões (galictis vittata), além de macaco-prego (Cebus apella), sauim-de-coleira (Sagnus  bicolor), parauacu (Pitehecia pithecia), guariba (Aloutta macconnelli), cuxiú (Chiropotes sagulatus), onça-pintada (Panthera onca), onça parda (Puma concolor), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), raposas (Cerdocyon thous), cachorro-do-mato (Speothos venaticus), preguiça-real (Choloepus didactylus), dentre outras.

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