“Diálogos de Saberes” do Inpa destaca potencial do buriti com a coleta adequada dos frutos
O evento faz parte da programação da 12ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do INpa e reuniu especialistas de diferentes áreas para troca de conhecimento
Por Luciete Pedrosa (texto e foto) – Ascom Inpa
Foto da chamada: Afonso Rabelo (acervo)
“Considero o buriti uma palmeira nobre, porém, não é bem explorada”. A opinião é do técnico do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o engenheiro agrônomo Afonso Rabelo, ao apresentar uma ferramenta para coleta de frutos de palmeiras, durante o “Diálogo de Saberes”, na tarde desta quinta-feira (11), no Auditório da Biblioteca do Inpa.
A ferramenta coleta de forma adequada frutos de 20 palmeiras de valor econômico na Amazônia. O invento evita a escalada de pessoas nas árvores, acidentes, melhora a produtividade e estimula o extrativismo sustentável.
De acordo com o técnico do Grupo de Pesquisa de Taxonomia da Flora Amazônica, vinculado à Coordenação de Biodiversidade (CBio), hoje, é encontrado basicamente no mercado somente quatro subprodutos a partir do buriti: o sorvete, o picolé, o vinho e o doce.
Com a ferramenta desenvolvida e uma cartilha que trata da potencialidade do fruto - “Buriti: coleta, pós-colheita, processamento e beneficiamento dos frutos” -, Rabelo já desenvolveu 23 subprodutos alimentícios a partir da polpa do buriti. A meta do engenheiro agrônomo é chegar até 50 subprodutos.
O “Diálogo de Saberes” fez parte da programação da 12ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Reuniu especialistas de diferentes áreas para troca de conhecimento com estudantes de agronomia do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), universitários das áreas agrárias e ambiental da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Fametro e Nilton Lins, além de profissionais liberais.
Durante o evento, o técnico Luiz Souza Coelho, especialista em Biotecnologia, fez uma abordagem dos 30 anos de inventário florístico de potencialidade econômica, realizado pelo Laboratório de Inventário Florístico e Botânica Econômica da CBio do Inpa.
Coelho contou que o Herbário do Inpa, hoje, guarda mais de 270 mil amostras (denominadas tecnicamente de exsicatas) de plantas coletadas pelo Grupo de Inventário Florístico, numa área inventariada de 1,5 milhão de metros quadrados do Amazonas.
O laboratório também faz parte de um grupo de pesquisa, que reúne mais de 160 especialistas, e que publicou em 2013, na Revista Science, o artigo “Hiperdominância de espécies arbóreas na flora amazônica”.
Segundo Souza, no próximo dia 20, será publicado um novo trabalho do grupo sobre o status da estimativa global de 15 mil árvores de espécies amazônicas para saber se haverá perdas de espécies, de acordo com a modelagem aplicada, e como estas espécies ocorrerão até 2050.
Souza também citou as contribuições do pesquisador Juan Revilla com a produção científica de cinco livros já esgotados, todos referentes às espécies de plantas com potencialidade econômica. Também falou sobre o Centro de Treinamento de Produtores Rurais em Negócios Sustentáveis, localizado na rodovia AM-354, Km 8, no município de Manaquiri (AM). O objetivo do centro é dinamizar as atividades produtivas de espécies regionais de valor econômico para biocosméticos e biofármacos.
Para um dos participantes do evento, o engenheiro agrôno Eder Galucio, técnico de campo do Pro-Rural da Ufam, é importante participar de eventos que tratam da área agrária e compartilhar com os agricultores. “Cabe a nós, extensionistas, nos atualizarmos e levar esses conhecimentos aos agricultores, como as tecnologias sociais que podem geram benefícios para uma comunidade”, disse.
O pesquisador Luiz Augusto Souza também participou do “Diálogos de Saberes” com uma palestra sobre o uso da adubação verde como uma alternativa para favorecer a produtividade dos cultivos agrícolas nos solos de baixa fertilidade natural da Amazônia Central.
Redes Sociais