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Vice-presidente da Conservation International fala sobre a conservação de primatas em Manaus

  • Publicado: Terça, 10 de Novembro de 2015, 15h44
  • Última atualização em Terça, 10 de Novembro de 2015, 16h01

Evento encerra na próxima sexta-feira (13), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Congresso conta com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI)

 

Por Luciete Pedrosa (texto e foto) – Ascom Inpa

 

Considerado um líder mundial na área da biodiversidade e conservação da floresta tropical, o vice-presidente da Conservation International, Russel Mittermeier, fez palestra para um público de quase 400 pessoas, em Manaus, sobre a conservação de primatas em nível global e o que está acontecendo no mundo com a fauna primatológica destacando a importância do Brasil.

 

A palestra aconteceu na noite de segunda-feira (9), na abertura do XVI Congresso Brasileiro de Primatologia, que prossegue até nesta sexta-feira (13), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e conta com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). Com o tema “Conservação e desenvolvimento: desafios e oportunidades para a primatologia”, o Congresso reúne especialistas de diversas partes do mundo para uma discussão sobre a integração do desenvolvimento urbano de forma compatível com a conservação dos recursos naturais.

 

Para Mittermeier, que é presidente da International Union of Conservation of Nature (IUNC)/Species Survival Commission (SSC) e do Grupo de Especialistas em Primatas, o conhecimento da diversidade primatológica é essencial para se fazer conservação. A Conservation International é uma organização internacional dedicada ao uso sustentado da biodiversidade.

 

“Estamos numa época de descoberta de novas espécies comparada com o século 19. Estamos sempre encontrando espécies novas”, disse. Segundo ele, baseado nos estudos dos últimos dois anos, hoje, no mundo, são conhecidos 17 famílias de primatas, 76 gêneros, 507 espécies e 702 táxons (espécies e subespécies).

 

De acordo com o ativista, a grande explosão de descobertas de novas espécies para a ciência é Madasgascar. Em 1994, quando o Grupo de Especialistas em Primatas fez o primeiro guia de lêmures havia 50 dessa espécie. Em 2006, quando fizeram outro guia, havia 71; em 2010, 101; em 2014, 105; e agora, 107 espécies. 

 

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Na palestra, o ativista falou das ameaças que os primatas enfrentam no mundo. Segundo ele, uma delas é a agroindústria, com a destruição de grandes áreas para o cultivo de cana de açúcar e dendê, principalmente, no sul da Ásia. Outra ameaça é a extração de madeira, especialmente, na Amazônia. Também citou a mineração, as grandes hidrelétricas e as mudanças climáticas como ameaças para os primatas.  

 

Mittermeier deu algumas sugestões para que a comunidade de primatólogos brasileiros possa se focar nos próximos cinco anos: continuar os esforços para estudar e entender melhor a diversidade de primatas que existem no Brasil; empreender mais esforços para alavancar o ecoturismo, estimulando o interesse das comunidades que vivem ao redor das áreas protegidas; e trabalhar em conjunto com a mídia para se ter mais cobertura nos trabalhos de conservação de primatas.

 

Sobre o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), Mittermeier ressaltou o fato de ser uma espécie criticamente ameaçada de extinção, mas “felizmente” é um animal que se adapta relativamente bem à situação urbana. Segundo ele, é preciso fazer um esforço especial com relação à espécie porque não é só a urbanização que está acabando com ela.

 

“Há também há uma invasão de uma outra espécie de saium que está tomando conta do habitat natural dele”, disse. “Então, é preciso ficar monitorando sempre para que o símbolo da cidade de Manaus não desapareça”, acrescenta.

 

AberturaCongPrimat1FotoLucietePedrosa

 

Participaram da mesa de abertura o professor Hideraldo Lima da Costa, representando a reitora da Ufam, Marcia Perales Mendes; a pesquisadora do Inpa, Rita Mesquita, representado o diretor do Inpa, Luiz Renato de França; e o presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia e pesquisador do Inpa, Wilson Spironello.

 

Para Spironello, a realização do XVI Congresso no Amazonas é de suma importância porque reúne especialistas de todo mundo para falar de conservação num dos estados mais preservados da Amazônia. “Além de levantar a questão da importância de um novo modelo de ocupação, como ressaltou Mittermeier, e dar uma nova forma de olhar o uso do ambiente”, diz.

 

Mesquita ressaltou a importância dos frutos que serão deixados pelos participantes ao final dos trabalhos com a troca de conhecimento. “Temas como este, que tratam da conservação de primatas, são a tradução na prática daquilo que temos pregado em termos de aumentar a conservação da nossa fauna silvestre, especialmente dos primatas”, acrescenta.

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