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Inpa repassa conhecimento nutricional de plantas alimentícias não-convencionais para nutricionistas e merendeiras escolares

  • Publicado: Quarta, 28 de Outubro de 2015, 15h36
  • Última atualização em Quarta, 28 de Outubro de 2015, 15h36

Receitas gastronômicas com plantas alimentícias não- convencionais são utilizadas para difundir conhecimento nutricional e ampliar as possibilidades dos produtos chegarem à merenda escolar

Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Torta salgada e risoto enriquecido com folha de taioba (Xanthosoma taioba), salada de ora-pro-nobis (Pereskia bleo) e vitaminada de cara-de-espinho (Discorea altissima Lam). Estas foram algumas receitas que nutricionistas e merendeiras escolares aprenderam na oficina “Processamento de cubiu e camu-camu para fabricação de sucos, geléias, doces e molhos e preparações utilizando plantas alimentícias não-convencionais”, que acontece desde a última segunda-feira (26), no Laboratório de Alimentos e Nutrição do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).

A oficina, que encerra na tarde desta quarta-feira (28), tem o objetivo de disseminar o conhecimento nutricional com alternativas alimentares de plantas alimentícias não-convencionais para a merenda escolar, além de ampliar a capacidade da agricultura familiar e de cooperativas agrícolas para que esses produtos possam chegar até as escolas.

As plantas não-convencionais são plantas orgânicas que nascem facilmente em qualquer lugar, como quintais, terrenos baldios, calçadas e beiras de estradas. São chamadas popularmente de mato espontâneo ou daninhas e não necessitam de cuidados específicos, como as hortaliças convencionais. Podem fazer parte do nosso cardápio a exemplo da folha de taioba que substitui a couve ou a sua raiz que substitui a batata.

De acordo com a pesquisadora do Inpa, a nutricionista Dionisia Nagahama, organizadora da oficina, esta é um piloto de uma próxima oficina que acontecerá no ano que vem e com um público mais ampliado. “Abrimos 20 vagas e, para nossa surpresa, apareceu o dobro de participantes. Isto quer dizer que o assunto é de interesse para muitas pessoas”, explica a pesquisadora.

Participam desta oficina supervisoras, nutricionistas e merendeiras escolares da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), nutricionistas do Programa Sesi Cozinha Brasil e do Programa Sesc Mesa Brasil, agricultores familiares da Cooperativa Raio de Sol (situada no Km 41 da BR-174), além de estudantes de nutrição e gastronomia da Fametro e Uninorte, e técnicos agropecuários do Instituto Federal do Amazonas (Ifam).

A pesquisadora explica que foram escolhidas algumas hortaliças que são de fácil manuseio, diferentemente da alface ou da couve, e que são chamadas de hortaliças não-convencionais. “Elas são sustentáveis e só precisam de chuvas e de poucos cuidados”, explica Nagahama. “Os vegetais oferecem vitaminas e uma grande quantidade de fibras, além de diversos minerais como magnésio, cálcio, potássio e ferro, e quanto mais verde há mais chance de ter vitamina A e ferro”, acrescenta a pesquisadora.

As receitas com as plantas alimentícias não-convencionais ou pancs, produzidas no primeiro dia da oficina, foram ministradas pela especialista em Nutrição Humana e Saúde pela Universidade de Lavras (MG), Terezinha Freire. Na tarde de terça-feira (27), segundo dia do curso, os participantes aprenderam com o gastrônomo Carlos Seixas a produzir três tipos de farinha de pupunha (tonalidades diferentes) que serviram de base para um bolo. Nesta quarta-feira (28), último dia da oficina, serão repassadas técnicas de processamento do cubiu, fruta amazônica rica em fibra, para a produção de geléias e molho (conhecido como tucupi de cubiu) com a mestranda em Agricultura no Trópico Úmido (ATU) Helen Kássia Araújo.

Uma das participantes da oficina, a supervisora operacional da merenda escolar da ADS, Elke Gondim, o interesse em participar da oficina é aprender as técnicas de manipulação dessas plantas não-convencionais para que no futuro essas pancs possam ser inseridas na merenda escolar da rede púbica de ensino de Manaus.

É importante aprender técnicas novas e, principalmente, quando se trata de alimentos não-convencionais, que espero, no futuro, sejam inseridas na merenda dos alunos”, disse a supervisora da merenda escolar da Coordenadoria Distrital de Educação da Seduc, Nirlene Soares.

Na opinião da estudante de nutrição da Fametro, Marcia Lamego, a oficina é interessante porque está trabalhando com produtos que normalmente não são utilizados e nem conhecidos, como a taioba e a ora-pro-nobis, planta que pode ser utilizada em ornamentação. “O que me chamou atenção foi conhecer e trabalhar com esses produtos que não são conhecidos”, disse.      

Já a nutricionista do programa do Sesi Cozinha Brasil, Evely Medeiros, veio buscar alternativas e divulgar o conhecimento para as pessoas que trabalham com alimentação, ou para aquelas que querem utilizar os produtos encontrados na região e os não-convencionais, além de mostrar os nutrientes que existem nesses alimentos.

A presidente da Associação de Agricultores e Produtores Rurais Raio de Sol, Heloisa Soares, que já trabalha com o cubiu na produção de geléias, doces e molhos da fruta, veio participar da oficina para aprender receitas novas e aprimorar a atividade que desenvolve na comunidade. “Queremos aprender e trocar ideias para oferecer na nossa comunidade”, diz.

Outra participante da oficina de alimentos não-convencionais, a nutricionista do projeto do Sesc Mesa Brasil, Monique Sena, explica que o projeto ensina pessoas a fazer pratos com o aproveitamento de alimentos que iriam ser jogados fora. “Nessa oficina estou aprendendo a utilizar os alimentos não-convencionais e já peguei todas as receitas para repassar para as comunidades que também fazem oficina conosco”, contou. 

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