Engenheiros mexicanos visitam o Inpa para conhecer as potencialidades de palmeiras nativas da Amazônia
Os últimos dez anos do Grupo de Pesquisas em Palmeiras da Amazônia (LabPalm) resultaram em pesquisas voltadas para a consolidação de cadeias e arranjos produtivos regionais, com ênfase no mapeamento e aproveitamento integral da base tecnológica até pesquisas voltadas à nanotecnologia
Por Caroline Rocha (texto e foto) – Ascom Inpa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu, na última sexta-feira (23), engenheiros do Instituto Nacional de Investigaciones Forestales, Agrícolas y Pecuarias (Inifap) do México. Na oportunidade, os visitantes conheceram sobre a atuação do Inpa e do Grupo do Laboratório de Palmeiras do Inpa (LabPalm), além de projetos ligados a palmeiras nativas e dos estudos de ecossistemas florestais em áreas manejadas com dendê na Amazônia, em parceria com a Embrapa da Amazônia Ocidental.
A missão do Laboratório de Palmeiras do Inpa é inventariar e mapear a densidade de palmeiras da Amazônia, como alternativa de sustentabilidade econômica, proteção e adaptabilidade no desafio das mudanças ambientais. De acordo com a pesquisadora do INPA e Líder do Grupo de Pesquisas Ires de Paula Andrade Miranda, existem cerca de 200 espécies de palmeiras na Amazônia brasileira. “Algumas já inventariadas pelo Grupo LabPalm desde 1992 em diversos ecossistemas”, disse a pesquisadora.
Segundo a pesquisadora, a urgência em inventariar a densidade dessas espécies na Amazônia e sua distribuição espacial, deve-se à necessidade de fomentar a conscientização sobre a investigação científica e a importância do aproveitamento racional desse patrimônio vegetal. Ainda conforme a pesquisadora, sem esse conhecimento inviabiliza, além dos planos de manejo, a utilização de matéria prima em média e grande escala, sem a necessidade do extrativismo predatório.
“Daí a necessidade de subsidiar a estruturação de cadeias produtivas para o fomento de políticas públicas na região e fixação das populações rurais, envolvendo todos os seguimentos acadêmicos”, complementa Miranda.
A visita ao Inpa faz parte da programação do curso internacional “A Cultura da Palma de Óleo” promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Instituto Nacional de Investigaciones Forestales, Agrícolas y Pecuarias (Inifap) e da Agencia Mexicana de Cooperación Internacional para El Desarrollo (Amexcid).
Os nove engenheiros mexicanos, entre eles o doutor em ciências em recursos genéticos e produtividade com orientação em fisiologia vegetal, Saul Zaragoza; os engenheiros agrônomos, Eustorgio Salgado, Werclain Arguello, Laura Hernández, Gabriel Hernández, Leonardo Martínez e Carlos Ramos e os licenciados em biologia, Hector Rodríguez e Galileo Ramos também tiveram a oportunidade de conhecer o herbário do Instituto, a Carpoteca, a Editora do Inpa e o Bosque da Ciência.
A pesquisadora também citou as principais metas e alguns resultados relevantes de pesquisas do grupo LabPalm nos últimos cinco anos, como o estudo nanotecnológico da fibra da palmeira jacitara (Desmoncus polyacanthos) na região do rio Negro em parceria com outros pesquisadores; a criação de um modelo de governança para integração de base tecnológica da cadeia de biocombustíveis; determinação do potencial de biomassa e densidade populacional do açaí (Euterpe precatoria Mart.) em comunidades ribeirinhas, além do estudo de metabólitos primários das reservas orgânicas de sementes do açaí, para produção de mudas sustentáveis. O grupo sugere também uma metodologia inovadora de apoio educacional para a modernização da agricultura familiar.
Para apresentar o Inpa ao grupo mexicano, o coordenador de Extensão (Coex) do Inpa, Carlos Bueno, destacou os cursos de pós-graduação - Mestrado e Doutorado do Inpa -, os principais focos de pesquisas do Instituto, como por exemplo, estudos envolvendo o ecossistema amazônico e as mudanças climáticas e os projetos direcionados à população do interior e da capital. Um dos projetos é o Bosque da Ciência, que integra natureza e conhecimento. “Nós montamos várias estratégias de aproximar o público do Inpa e um deles foi o Bosque da Ciência, que apresenta ótimos resultados até hoje”, destacou.
Estudos
A experiência do LabPalm é com as palmeiras de maneira geral, e não especificamente com o dendê.“Estudamos os ecossistemas florestais no entorno do dendê a partir do que a Embrapa detém”. A ideia foi avaliar a diversidade dos ambientes naturais e caracterizar a influência do manejo da cultura do dendê nos diversos ecossistemas submetidos à ação antrópica. Desses estudos resultaram inferências sobre os elementos positivos e negativos, enfatizando nos elementos positivos que o isolamento relativo do dendê obtido pela permanência de uma faixa de floresta, de cada lado a cada hectare plantado, com o efeito de borda, diminui as invasões de pragas e doenças na cultura. Na ausência do manejo, o plantio evoluirá rapidamente em uma capoeira num estádio já avançado com a cobertura oferecida pelo próprio dendê ou outro cultivo homogêneo.
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