Pesquisadores brasileiros e estrangeiros dão início ao projeto-piloto para estudo do clima nos trópicos
O NGEE-Tropics estudará as interações de floresta com o sistema de clima, incluindo a troca de CO2 com a atmosfera e como isso se dará frente às mudanças climáticas
Por Luciete Pedrosa (texto e foto)– Ascom Inpa
Pesquisadores americanos do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (LBNL) estiveram reunidos com pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e de outras instituições brasileiras, nesta terça-feira (22), para traçar ações de trabalhos do projeto-piloto “Experimentos da próxima Geração sobre Ecossistemas Tropicais (NGEE-Tropics, na sigla em inglês) e buscar parcerias para o projeto. A reunião aconteceu no auditório do Bosque da Ciência, em Manaus.
O NGEE-Tropics é um projeto que terá dez anos de duração, financiado pelo Departamento de Energia dos EUA e liderado pelo Laboratório Nacional Lawrence Berkeley. Estudará as interações de floresta com o sistema de clima, incluindo a troca de CO2 com a atmosfera e como isso se dará frente às mudanças climáticas.
O pesquisador da faculdade do Departamento de Ciências Climáticas no Laboratório de Berkeley, Jeffrey Chambers, explica que o NGEE-Tropics é um projeto que está na fase inicial e em busca de parceiros com outros países que tenham interesse em florestas tropicais. O Brasil é um dos países-chave nessa área, segundo o Chambers.
“Estamos aqui para apresentar o projeto para comunidade do Inpa e trocar ideias de pesquisas e criar um plano de trabalho para os próximos três anos. Além disso, estamos em busca de estabelecer e fortalecer colaborações entre os pesquisadores dos EUA e do Brasil e de outras instituições, como universidades e agências de fomento à pesquisa como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e a do Estado de São Paulo (Fapesp)”, diz.
Participaram da abertura dos trabalhos do projeto, o diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França; o secretário-executivo da Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti), Estevão Monteiro de Paula; a diretora técnica científica da Fapeam, Andrea Waichman; o líder do projeto pelo lado americano, Jefrrey Chambers; e o líder do projeto pelo lado brasileiro, Pesquisador do Inpa, Niro Higuchi.
De acordo com Higuchi, o NGEE-Tropics é uma realidade e as expectativas são as melhores possíveis na execução do projeto. Segundo ele, os pesquisadores durante os dias que ficarão no campo, na ZF-2, discutirão a participação de cada um em todas as fases do projeto. “Temos os melhores pesquisadores brasileiros envolvidos no projeto interessado nesse assunto”, comenta o pesquisador.
Para o diretor do Inpa, o projeto NGEE é “extremamente promissor” para o estudo global do clima nos trópicos na próxima década. “Não há como entender clima, ambiente e planeta se não houver uma interação entre pesquisadores que tenham expertises e conhecimentos já sedimentados que se unem para somar”, diz o diretor do Inpa.
Ainda nesta terça-feira, os pesquisadores se dirigiram à Reserva Experimental ZF-2 do Inpa, situada no Km 60 da BR-174 (Manaus-Boa Vista) onde ficarão reunidos até a próxima quinta (24).
Expedição
Segundo Chambers, o encontro entre os pesquisadores também tem a intenção de elaborar um plano de trabalho para a execução uma expedição científica entre o Inpa e o Laboratŕoio de Berkeley e envolver outras instituições do Brasil. “Até sexta-feira (25) queremos finalizar este documento e entregá-lo no final deste mês ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)”, diz o pesquisador.
Para Chambers, uma das ações básicas do projeto é criar um melhoramento de tratamento de florestas tropicais nos modelos de clima ou Sistema da Terra. Segundo o pesquisador, o tratamento de florestas tropicais nesses modelos de clima são fracos. “E para se melhorar esses modelos são necessários os dados do campo, para isso o NGEE-Tropics tem interações fortes entre pesquisadores que fazem modelagem e entre pesquisadores que realizam trabalhos no campo”, explica.
Dentro do projeto serão instalados experimentos para se conhecer sobre a fisiologia das plantas e saber como as árvores respondem às altas temperaturas; impactos das mudanças diante da falta de precipitações (secas); concentrações de Dióxido de Carbono (CO2) atmosférico sobre as florestas tropicais.
Participam do projeto pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade de Brasília (UnB), USP Ribeirão Preto e Embrapa do Pará.
Pelo lado americano participam do projeto o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (LBNL), Laboratório Nacional de Bookhave, laboratório Nacional de Los Alamos, laboratório Nacional de Oak Ridge, Laboratório Nacional do Pacif Northwest e Universidade da Califórnia em Berkeley.
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