Tratamento com gel de gengibre amargo para pés diabéticos é finalista do Prêmio SUS 2015
O tratamento terapêutico alternativo com o gel do óleo essencial do gengibre amargo, feito em parceria com o Inpa, na UBS José Palhano, obteve êxito de 95% de cura das lesões de 27 pacientes
Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
Fotos: Maurício Ladeia - Acervo e Luciete Pedrosa (chamada)
Sem esperanças de ser curado de uma úlcera de pé diabético e diante de um diagnóstico conclusivo de amputação do dedo, o diretor de uma empresa de táxi aéreo, Mauro Paulino, 37, encontrou no tratamento terapêutico com gel de gengibre amargo a cura para o problema. O reconhecimento do trabalho desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/ MCTI) veio como finalista do XIV Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS) 2015.
“Para mim, o gel foi uma luz no fim do túnel”, disse Paulino, que é diabético e obteve a lesão após a difícil cicatrização do ferimento com caco de vidro. “Fiz seis meses de tratamento convencional e um dos vários médicos que consultei disse que eu teria de amputar porque a infecção afetou o osso. Mas isso não foi necessário, porque com menos de dois meses em tratamento com o gel na UBS fiquei curado”, comemorou Paulino, que continuou com o acompanhamento feito com a endocrinologista.
Durante 90 dias, em 2014, o tratamento terapêutico alternativo com o gel do óleo essencial do gengibre amargo foi desenvolvido com 27 diabéticos com úlceras nos pés e com êxito de 95% de cura das lesões, na Unidade Básica de Saúde José Amazonas Palhano, situada no bairro São José I, zona Leste da cidade. O trabalho fez parte da dissertação para obtenção do título de mestre em Biologia Urbana na Universidade Nilton Lins, do enfermeiro Mauricio Ladeiasob a orientação do pesquisador do Inpa, Carlos Cleomir Pinheiro.
O trabalho intitulado “Estudo do potencial terapêutico de Zingiber zerumbet (gengibre amargo) Zingiraceae, no processo inflamatório em portadores de úlceras de pé diabético” está entre os seis finalistas do Premio SUS, na categoria Dissertação de Mestrado. Os vencedores serão anunciados em cerimônia no dia 12 de novembro.
“Esperávamos ser selecionados neste prêmio pelo cunho social que a pesquisa revela”, conta Carlos Cleomir, que nesta quarta-feira (23), às 10h, falará sobre as potencialidades econômicas e medicinais do gengibre amargo, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), a convite do presidente da Casa, Josué Neto (PSD).
O pesquisador destacou que ser finalista é resultado do esforço de Ladeia e do trabalho que desenvolvido no Inpa durante muitos anos, numa parceria entre o Instituto e a empresa Biozer da Amazônia, para colocar no mercado, futuramente, um medicamento fitoterápicoque possa atender uma demanda social do SUS como uma nova alternativa para o tratamento dos pés de pessoas com diabetes.
O gel do gengibre amargo é financiado pela empresa Biozer da Amazônia e já teve o pedido de patente solicitado. A última etapa para que o produto esteja disponível no mercado é a certificação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Cleomir explica que o extrato do gengibre amargo tem um potencial cicatrizante, anti-inflamatório, cicatrizante, analgésico, além de ser vasodilatador e possuir várias propriedades de interesse farmacológico em nível terapêutico.
Segundo o pesquisador, o diabetes é a quarta principal causa de morte por doença no Brasil e a principal causa de cegueira adquirida. “A chance de sofrer amputações nos membros inferiores é 40 vezes maior entre os diabéticos”, ressalta Cleomir.
Resultados
Após os três meses de tratamento com o gel de gengibre amargo, foi feita uma comparação entre os pacientes tratados com o gel do gengibre amargo e os que receberam o tratamento convencional. O resultado do tratamento alternativo obteve um êxito significativo de cura das lesões nos pés.
Para Mauricio Ladeia, que atua como voluntário no Grupo de Pesquisa de Bioprospecção de Produtos Amazônicos do Inpa, juntamente com o pesquisador Carlos Cleomir, ser finalista foi uma “grata surpresa”. “Estou muito feliz com o resultado por ser um trabalho inovador e que trará benefícios para uma parcela da sociedade que sofre com lesões nos pés e são diabéticos”, diz o enfermeiro.
A pesquisa teve o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Prêmio
Promovido desde 2002 pelo Ministério da Saúde, o concurso tem o objetivo de incentivar a produção de trabalhos técnico-científicos na área de ciência e tecnologia, e de interesse do SUS. É composto por quatro categorias: Trabalho Científico Publicado; Tese de Doutorado; Dissertação de Mestrado; e Monografia de Especialização ou Residência.
O prêmio visa à obtenção de trabalhos de pesquisadores, estudiosos e profissionais de saúde ou de qualquer área do conhecimento em nível de pós-graduação concluída, com temática voltada para a área de Ciência e Tecnologia em Saúde, e potencial de incorporação pelo Sistema Único de Saúde e serviços de saúde.
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