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Inpa apoia criadores de abelhas na aquisição de selo de inspeção estadual para o mel

  • Publicado: Sexta, 11 de Setembro de 2015, 15h16
  • Última atualização em Terça, 15 de Setembro de 2015, 09h04

O Inpa capacita continuamente os produtores sobre boas práticas na produção, coleta, e transporte do mel, além do processamento, armazenamento e embalamento do produto para comercialização 

 

Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Foto: Acervo GPA - Inpa

Com o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a Cooperativa dos Criadores de Abelhas Indígenas da Amazônia de Boa Vista do Ramos (Coopmel) conquistou o selo do Serviço de Inspeção Estadual (SIE) para comercialização do mel produzido pela Cooperativa. Este é o primeiro SIE para mel no Amazonas, o que representa a alta qualidade do produto comercializado pela Cooperativa.

Na manhã desta sexta-feira (11), a inauguração da placa alusiva ao SIE da Coopmel contou com a presença do governador do Estado, José Melo, que cumpre agenda em Boa Vista do Ramos (a 269 quilômetros de Manaus). Mais de 60 criadores fazem parte da cooperativa. Nos últimos anos eles se esforçaram para atingir os padrões legais para a comercialização de mel de procedência garantida.

O selo atende aos padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Agora os cooperados alcançaram um nível de excelência com a liberação do selo”, diz a líder do Grupo de Pesquisas em Abelhas do Inpa, a pesquisadora Gislene Carvalho-Zilse.

A aquisição do selo significa que a Cooperativa está produzindo um produto alimentar (o mel) para o consumo humano de acordo com as normas sanitárias exigidas. No ano passado, a Coopmel reinaugurou a primeira Casa do Mel do Amazonas como uma das exigências do Ministério da Agricultura na questão de higienização para produção do mel. 

Coopmel Mel3 Acervo Gislene Zilse

 

Zilse conta que desde 2002 a Coopmel se organiza junto aos criadores de abelhas sem ferrão para alcançar a certificação. “Durante esses 13 anos o Inpa vem capacitando continuamente os produtores”, disse.

O técnico do Inpa, Hélio Vilas Boas, vinculado ao GPA, ajudou a capacitar os meliponicultores. Os criadores receberam técnicas específicas sobre as boas práticas de produção, incluindo coleta e transporte do mel até a Casa do Mel, processamento, armazenamento e embalamento do produto para comercialização. 

“A possibilidade de comercialização de maneira legal do mel de abelha sem ferrão é um ganho enorme, porque a cooperativa está investindo há mais de dez anos na produção desse produto alimentar para suprir uma necessidade não apenas local, como nacional”, disse Zilse. 

De acordo com o técnico do Inpa, a cooperativa espera superar três toneladas de produção mel no ano de 2015. Com a conquista do selo de inspeção, a comercialização do produto pela Casa do Mel garantirá renda extra para famílias de 23 comunidades rurais situadas em cinco regiões de Boa Vista do Ramos (Lago Preto, Rio Urubu, Ramos de Cima, Ramos de Baixo e Massauari).

“A cooperativa está trabalhando para ter a adesão de novos criadores da região, com expectativa de chegar a 100 produtores e a cerca de 20 toneladas nos próximos três anos”, disse Vila Boas. “Por enquanto, eles vão trabalhar apenas com o mel, mas em breve devem atuar também com os subprodutos, os fitoterápicos, como mel com própolis, mel com andiroba, mel com copaíba e mel com gengibre”, completou.

Comercialização nos supermercados

O selo de inspeção abre portas para o que negócio aconteça de fato como um negócio. Segundo a pesquisadora Gislene Zilse, a produção de mel no Amazonas era considerada artesanal e com uma comercialização também artesanal, do tipo porta a porta.

“Com o selo agora é possível colocar o produto nas prateleiras dos supermercados e ter condições de distribuir o produto para outros locais, não só em Boa Vista do Ramos, mas também em todos os municípios do Amazonas”, destacou Zilse.

O investimento na adequação da Casa do Mel, que funciona como um entreposto para beneficiamento do mel de abelha sem ferrão, foi na ordem de R$ 1 milhão, que foi doado pela associação Nordesta Reflorestamento e Educação, uma ONG suíça que investe e incentiva famílias da zona rural a criar abelhas sem ferrão.

A Casa do Mel está dotada de equipamentos que estão dentro das normas de higiene e condições sanitárias exigidas. A organização operacional da Casa e montagem dos equipamentos ficou a cargo do professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), José Merched Chaar, que também é membro da OCB.

Os meliponicultores vão enviar seus produtos para a Casa do Mel que, além de processar, embalar e rotular, também realizará as análises laboratoriais exigidas legalmente para garantir a qualidade dos produtos a serem comercializados.    

Saiba Mais

As abelhas sem ferrão não apresentam ferrão funcional e nem glândula de veneno, o que facilita o manejo e a criação por ribeirinhos e grupos indígenas. No Amazonas, as abelhas sem ferrão mais utilizadas são a jandaíra (Melipona seminigra), a jupará (Melipona interrupta) e a abelha beiço (Melipona eburnea). Destas, a jandaíra é a mais produtiva chegando a produzir de seis a sete quilos por ano, quando bem manejada. Uma colmeia da jandaíra tem até 5 mil indivíduos.

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