Inpa expõe instrumentos musicais da Camerata de Ukulelê confeccionados com árvores caídas e madeiras de demolição
Na Casa da Ciência do Inpa, os interessados poderão adquirir ukulelê, viola caipira e cavaquinho. No início desta semana, a Camerata retornou ao Teatro Amazonas para uma dupla apresentação com a Orquestra de Violões do Amazonas
Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) abriu nesta quarta-feira (29) a exposição de instrumentos musicais confeccionados pelos integrantes da Camerata de Ukulelê de Manacapuru. Durante a exposição, que fica em cartaz até o próximo domingo (02 de agosto), na Casa da Ciência, situada no Bosque da Ciência do Inpa, serão comercializados 30 ukulelês, duas violas caipiras e quatro cavaquinhos.
Cada ukulelê (instrumento musical de origem havaiana) foi confeccionado artesanalmente com até cinco tipos de madeiras de demolição e árvores caídas naturalmente no ambiente, como louro preto, piquiá, marupá, cedro e coração de negro. Essas madeiras são empregadas nos tampos, laterais, braços, fundos e escalas. Os interessados poderão adquirir os instrumentos no próprio local da exposição. O ukulelê custa de R$ 350 a R$ 400, o cavaquinho R$ 500 e a viola caipira R$ 1.000.
De acordo com o instrutor de lutheria Gean Dantas, os valores dos instrumentos artesanais confeccionados com madeira maciça são mais elevados que os industriais por serem profissionais e feitos à mão. “Isso garante uma qualidade sonora melhor e uma durabilidade maior que os industriais, que são feitos de compensados, podendo chegar a 100 anos se bem conservados”, contou.
A Camerata foi criada dentro do projeto Construindo Instrumento Musical com Madeiras da Amazônia, orientado pelos pesquisadores do Inpa Claudete Catanhede, Niro Higuchi, Estevão Monteiro de Paula e Joaquim dos Santos. É composta por bolsistas da modalidade do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic-Jr) com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia do Inpa.
“Estou encantando com este projeto, porque une a arte com a capacidade e o potencial da natureza amazônica”, disse o vice-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), José Cardoso, que esteve presente na abertura da exposição.
Cardoso, que não conhecia a Camerata de Ukulelê, prontificou-se a levar a ideia para a Prefeitura de Manaus. “Estava vendo uma reportagem na TV sobre a Camerata e me despertou a curiosidade de vir aqui na exposição e conhecer um pouco do projeto”, disse o vice-presidente da Manauscult, acrescentando que seria interessante implantar o projeto na Secretaria Municipal de Educação (Semed).
De acordo com um dos integrantes da Camerata, Pedro Gomes, as madeiras que foram utilizadas nos instrumentos possuem boa densidade. “O murupá, por exemplo, possui uma densidade semelhante com a do pinho, que tem uma ótima densidade para instrumentos”.
Na opinião da intercambista da Universidade Federal de Pernambuco, Larissa Cardoso, o projeto é interessante e relevante social e ambientalmente. “Isto mostra como podemos elaborar estratégias de enfrentamento a questões sociais a partir de uma conscientização da importância da natureza”, diz Cardoso. “Além de ser importante, é extremamente agradável ouvir uma música feita por jovens e com um instrumento produzido com madeira caída naturalmente”.
Apresentação no Teatro Amazonas
Na noite da última terça-feira (28), a Camerata de Ukululê fez a última apresentação no Teatro Amazonas como encerramento do projeto Construindo Instrumento Musical com Madeiras da Amazônia, que teve início em 2011.
“A Camerata de Ukelelê é a prova de que a Ciência e a tecnologia têm uma força transformadora para desenvolver talentos na região”, disse o diretor do Inpa, o pesquisador Luiz Renato de França, que prestigiou a apresentação do grupo musical.
Para a turista Neide Barbosa, que aproveitou a oportunidade para assistir à Camerata, no Teatro Amazonas, o projeto é uma ação louvável. “Ao mesmo tempo em que se preserva a natureza, o projeto proporcionou aos jovens a oportunidade de desenvolver talentos. Isso é maravilhoso”.
Conforme a pesquisadora do Inpa Claudete Catanhade, o projeto encerrou, mas a dedicação continuará. “Agora o grupo precisará de apoio e espero que possa vir do poder público para que possa mantê-lo”, disse Catanhede, que é coordenadora do projeto.
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