Biotecnologia é o “setor moderno” para a Amazônia, diz Osíris Silva em palestra no Inpa
Durante reunião do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/Inpa), o assessor do Comando Militar da Amazônia (CMA), coronel Lauro Augusto Pastor, adiantou que o CMA está pleiteando que o Instituto Militar de Engenharia assuma o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA)
Por Cimone Barros – Ascom Inpa
Foto: Caroline Rocha
A biodiversidade, o turismo ecológico e a biotecnologia são os caminhos para se desenvolver a Amazônia. É o que aponta o economista, consultor de empresas e produtor de cítricos, Osíris Silva, em palestra sobre Socioeconomia da Amazônia, nesta quarta-feira (08), no Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). O GEEA é um fórum de discussão multidisciplinar de questões relevantes para a Amazônia.
Para Silva, o setor industrial, representado no estado pelo Polo Industrial do Amazonas (PIM), é o setor tradicional, que não tem mais como se expandir, em função da elasticidade da demanda por atender o mercado interno brasileiro, e por não ter qualidade técnica e tecnológica (baixo valor agregado) para competir no mercado externo. O economista diz não acreditar no desaparecimento do setor industrial, mas que terá menos peso na economia.
“O setor moderno, do futuro da Amazônia, é a biodiversidade. Esse vai florescer, se houver investimento. E para isso, o Amazonas precisa ser prioridade nacional, o que não é. Um exemplo é o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que está em estado de inanição”, disse Osíris.
De acordo com o assessor do Comando Militar da Amazônia (CMA), coronel Lauro Augusto Pastor, que participou da reunião do GEEA, o CMA está pleiteando que o Instituto Militar de Engenharia assuma o Centro de Biotecnologia da Amazônia. “O general Theóphilo (Gaspar) é quem fez as ligações com o Ministro Aldo Rebelo (Ministro de CT&I)”, adiantou Pastor.
O CBA foi criado há 13 anos com a missão de colaborar com a transformação da biodiversidade da Amazônia em desenvolvimento socioeconômico, mas desde então sofre por não ter personalidade jurídica. Em junho último, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior (Mdic), Armando Monteiro, assinou um termo de execução descentralizada que transferiu para o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) a administração do CBA, antes gerido pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Desenvolvimento
Segundo Osíris Silva, é preciso atacar os problemas prioritários do Estado com investimento, tecnologia, pesquisa e recursos humanos especializados. O foco, segundo o economista, é definir os campos do conhecimento de acordo com os projetos, as prioridades e as metas destinadas a cada calha ou a cada região, como piscicultura, mineração e agricultura.
“As pessoas têm de ser formadas de acordo com as necessidades, nem mais nem menos. No Alto Solimões tem muito pedagogo indo trabalhar como mototaxista porque não tem emprego na área. Isso precisa ser ajustado”, exemplifica Silva, que é natural de Benjamin Constant, a 1.121 quilômetros de Manaus.
Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, há várias maneiras e estratégias de se desenvolver uma região. “Temos de aproveitar o que os outros povos já fizeram. Temos que aproveitar as coisas da maneira que são e não trazer de outros locais, já que tem aqui e já foram selecionadas há milhões de anos. Temos de extrair o melhor do que já está sedimentado”, disse.
Criado em 2007, o GEEA se reúne a cada meses para debater temas relevantes para a Amazônia, apresentado por um especialista de renome. É formado por pesquisadores, professores, empresários, gestores de órgãos públicos e da sociedade civil organizada.
“No GEEA, nós apresentamos propostas e críticas de maneira fundamentada e sem subterfúgios para que possam orientar os tomadores de decisão e subsidiar as políticas públicas”, disse o secretário-executivo do GEEA, Geraldo Mendes dos Santos.
Livro
Até setembro próximo, Osíris Silva, que é presidente da Associação Amazonense de Citricultores (Amazon Citrus), deve lançar o livro “Panamazônia – visão histórica, perspectivas de integração e crescimento”. A obra é composta por 23 capítulos, com autores de várias partes da Amazônia, inclusive um capítulo escrito pela geógrafa brasileira Bertha Becker poucos meses antes de morrer em 2013. Becker também já fez palestra no GEEA. Em 2010, quando discutiu “O papel do Estado”.
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