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Brasil, Colômbia e Peru: agenda comum sobre a Amazônia

  • Publicado: Segunda, 30 de Março de 2009, 00h00
  • Última atualização em Sexta, 12 de Junho de 2015, 11h52

 

O Brasil, a Colômbia e o Peru deverão ter uma agenda comum em pesquisa na Amazônia. Representantes desses três países, que participaram da mesa-redonda “Potencialidades para cooperação em pesquisa na tríplice fronteira”, realizada durante a Reunião Regional da SBPC em Tabatinga (AM), entendem que a soberania da Amazônia Panamericana está condicionada ao desenvolvimento sustentável da região. E que só a ciência, por meio de um esforço em conjunto, poderá dar suporte às ações que promovam este desenvolvimento.

A mesa-redonda, que contou com a participação dos pesquisadores Luis Esequial Campos Baca, do Instituto de Investigaciones de la Amazonía Peruana (IIAP), por parte do Peru; Luz Marina Mantilla Cárdenas, do Instituto Amazónico de Investigaciones Científicas (SINCHI), da Colômbia; e Adalberto Luís Val, do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (INPA), do Brasil, evidenciou que há uma sobreposição de projetos de pesquisas sendo feitos nesses três países. Adalberto Val, que atou como coordenador e debatedor da mesa-redonda, ressaltou que esses três países se vinculam por compartilharem o mesmo bioma, com matrizes culturais e problemas semelhantes. Portanto, nada mais racional do que compartilharem também suas pesquisas, de modo a evitar investimentos triplicados para se obter o mesmo resultado.

Para o pesquisador brasileiro, as questões da água, das mudanças climáticas, da biodiversidade, da geração de renda e inclusão social, e da capacitação de pessoal são hoje os principais desafios da ciência na região. Mas para superá-los é necessário pensar nessas questões sob a ótica da escala, pois na Amazônia panamericana vivem hoje 140 milhões de pessoas.

Desafios

Segundo Adalberto Val, o atraso da ciência panamericana em relação aos países desenvolvidos permeia todos esses desafios. “Embora a Amazônia detenha o maior estoque de água doce do mundo, a maior parte dos estudos sobre este assunto foram feitos pelos alemães”, exemplificou. Com relação à biodiversidade, o Brasil – que detém 60% do território amazônico – também está engatinhando. “Estamos longe de ter um perfil da biodiversidade da Amazônia, e cada vez que os pesquisadores saem a campo novas espécies de plantas e de animais são descobertas”, disse. Em 1900 foram catalogadas 160 espécies de aves em Rondônia. Em 2009, neste mesmo Estado, foram descobertas outras 700 novas espécies.

Com os peixes não é diferente. Embora seja a principal fonte de proteína da região, o Brasil ainda não domina tecnologias de produção e reprodução de peixes em cativeiro. “Em 2008, o maior exportador de Tambaqui, um peixe endêmico da Amazônia, foi a China, que faturou US$ 800 milhões”, ressaltou ele, lembrando que o mesmo poderá ocorrer com os peixes ornamentais, se não foram desenvolvidas rapidamente tecnologias de reprodução em cativeiro.

Ele lembra que, apesar da diversidade de peixes na Amazônia, não mais de 20 espécies são usadas como alimento. “Ou seja, há uma pressão sobre os estoques e isso precisa ser solucionado também com tecnologias de reprodução.”

Mudanças climáticas

Os desafios em relação às mudanças climáticas também são grandes. “As nossas florestas tem um papel fundamental no controle de CO2, e precisamos desenvolver uma metodologia para estimar qual será o custo dos nossos serviços neste sentido”, disse Val. Será necessário também criar novas variedades de alimentos que suportem o aumento da temperatura, assim como novas formas de manejo. “A ciência terá ainda que dar resposta para a mudança de comportamentos dos vetores das doenças na Amazônia, a exemplo da malária que já teve seu ciclo afetado pelas alterações do clima e está exigindo uma mudança de estratégia no controle da doença.”

“Hoje, temos uma grande capacidade de monitorar a floresta e adotar medidas de controle, mas, por outro lado, nossa capacidade de promover a inclusão social é muito reduzida”, disse. “E a diferença entre ambas é o que gera conflitos na região”, completou. Adalberto Val finaliza que há várias formas de promover a inclusão social, mas para isso será imprescindível a capacitação e retenção de pessoal na região.

Fonte: Ângela Trabbold – Agência SBPC

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