A luta das mulheres na área científica
Dia a dia, as mulheres vêm conquistando importantes espaços em um universo historicamente masculino.
Por Mário Bentes – Ascom Inpa
Em muitos países, mesmo nos considerados “mais desenvolvidos”, as mulheres seguem na luta contra os históricos paradigmas patriarcais que tendem a mantê-las na retaguarda da sociedade. Na área científica, a situação não é diferente. Comumente freqüentada por homens, a academia sempre se mostrou fechada para as mulheres, seja pela própria comunidade científica ou pela sociedade, que não via com bons olhos a entrada de mulheres em determinadas áreas de atuação.
O caso do Brasil é similar a outros países, embora tenha particularidades sociais que agravam ainda mais o quadro entre homens e mulheres, sobretudo no mercado de trabalho. É o que pensa a pós-doutora em Zoologia e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Vera Val, que enfatiza a capacidade da mulher brasileira de conciliar as obrigações da atividade científica profissional com as imposições sociais “tradicionais”, como cuidar do lar e da família.
– Sempre achei a mulher brasileira uma guerreira, que consegue cuidar da família e trabalhar mesmo com todas as dificuldades que essas duas tarefas, quando juntas, impõem – afirma, citando como argumento a situação sócio-econômica do país: “Se você reparar, em qualquer área, a mulher brasileira, de classe média ou com rendimentos inferiores ao da classe média, tem que trabalhar para ajudar na renda da família porque um salário apenas não resolve, particularmente se tem muitos filhos”.
Mãe de dois filhos e casada com outro pesquisador, o doutor Adalberto Luis Val, diretor do Inpa, Vera, que vem se dedicando à academia há mais de 30 anos, acredita que a trabalhadora da área científica tem ainda mais obstáculos que o normal, já que, segundo ela, “não há hora nem local para a criação, para o pensamento e para o desenvolvimento de idéias e, portanto, é preciso compatibilizar disciplina e horário com a casa e os filhos”.
Questionada a respeito da importância do Dia Internacional da Mulher para as pesquisadoras da área científica, Vera Val diz: “A alegria de trabalhar na Ciência só pode ser completa quando a mulher é realizada profissionalmente, feliz com sua própria escolha e realizada com sua carreira e família. Os trabalhos são compatíveis, mas somente quando a pessoa é compromissada com ela mesma de forma que a recompensa dos seus objetivos sejam divididos entre as pessoas à sua volta e vice-versa”.
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