Pesquisadores recebem prêmio Fronteiras do Conhecimento
Ascom
William F. Laurance, cientista sênior do Instituto de Pesquisas Tropicais Smithsonian no Panamá, e Thomas E. Lovejoy, pesquisador associado e presidente do Departamento de Biodiversidade do Centro H. John Heinz III de Ciências, Economia e Ambiente, nos Estados Unidos, foram agraciados com o prêmio Fronteiras do Conhecimento de 2008. O anúncio foi feito na última sexta-feira (30/01), em Madri, na Espanha.
A dupla venceu na categoria Ecologia e Conservação Biológica, da Fundação Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) pelos trabalhos sobre como a fauna e a flora são afetadas quando restritas a pequenos fragmentos de florestas em resultado de desmatamentos, o impacto das mudanças globais nas florestas tropicais e o desenvolvimento de estratégias políticas fundamentais para conter a devastação de florestas tropicais.
A categoria Ecologia e Conservação Biológica é uma das oito premiadas pela Fundação BBVA a cada ano, que envolve disciplinas como artes e ciências e coloca o prêmio na mesma categoria do prêmio Nobel. O valor total em dinheiro distribuído entre os vencedores é de 3,2 milhões de Euros.
O diretor do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, Cristián Samper, responsável pela indicação dos cientistas ao prêmio, disse que “Laurance e Lovejoy são cientistas dinâmicos que promovem pesquisas sobre conservação de florestas tropicais ameaçadas na Amazônia e em todo mundo de forma a catalisar esforços de outras pessoas com o mesmo propósito”.
Segundo Samper, as publicações dos dois cientistas e descobertas inspiram líderes governamentais e o grande público a instituir e preservar reservas florestais grandes e ligadas entre si por faixas de vegetação. São os chamados corredores ecológicos, vitais para a sustentação dos processos ecológicos nas florestas em escalas locais e global.
Neste contexto, está o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) na Amazônia Central, o qual contou com a ajuda de Lovejoy ao convencer o governo brasileiro a apoiar o estabelecimento do projeto. Hoje, o PDBFF é uma colaboração entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Instituto Smithsonian. Decorridos quase 30 anos, os resultados das pesquisas realizadas indicam que os fragmentos de floresta não conseguem sustentar a mesma diversidade de plantas e animais que as intactas. Dessa forma, levando a degradação das florestas fragmentadas.
Um dos motores para o processo de degradação das florestas, segundo estudos de Laurence, nos quais foram feitas simulações das condições da Amazônia brasileira no futuro, são os projetos de construção de rodovias na região que prejudicariam o ecossistema. Os dados serviram de alerta para a comunidade internacional.
De acordo com Lovejoy, o trabalho não teria sido possível sem a colaboração de cientistas e dos governos no Brasil, América Latina e de outros países.
A notícia da premiação foi recebida com entusiasmo pelos pesquisadores do Inpa que coordenam o PDBFF, entre eles: Regina Luizão e José Camargo. “A premiação é um merecido reconhecimento dos árduos esforços de ambos para manter o PDBFF em funcionamento”, disse Luizão.
Crédito ambiental – A dupla promoveu algumas das mais importantes ações de preservação na Amazônia e em outros lugares nos trópicos, por exemplo, o programa de crédito ambiental, que paga os países empenhados em conservação pelos benefícios ambientais produzidos por suas florestas. O projeto, promovido por Lovejoy, tornou-se modelo para gestão de florestas tropicais e programas de conservação em todo o planeta.
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