Torre de monitoramento, maior que torre Eiffel, começa a ser construída na Amazônia
A maior torre atual de monitoramento do LBA possui 80 metros de altura.
A construção da torre ATTO de 325 metros, é uma cooperação entre o Inpa e Instituto Max Planck da Alemanha e será responsável pelo monitoramento dos efeitos das mudanças climáticas globais na floresta amazônica, entre outras pesquisas
Texto e foto: Fernanda Farias/Ascom Inpa
Na sexta-feira (16), aconteceu a cerimônia de lançamento da pedra fundamental da Torre ATTO (Amazon Tall Tower Observatory), ou Observatório de Torre Alta da Amazônia, localizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, no município de São Sebastião do Uatumã (AM), simbolizando o início da construção da maior torre de monitoramento da América do Sul.
A empresa responsável pela construção da torre é a San Soluções Empresariais, do Paraná, que venceu a licitação para a construção da torre. Sérgio Alves do Nascimento, representante da empresa, durante a cerimônia, relatou a importância que está sendo construir uma torre dessa magnitude na região amazônica e os desafios tecnológicos logísticos.
“Em média as estruturas que fazemos estão entre 50 e 150 metros e nós vamos entregar no final do ano uma estrutura de 325 metros no meio da floresta amazônica. Mas para isso tivemos que vencer uma logística impressionante, pois tivemos que trazer as peças da torre por estrada e por rio até a Reserva do Uatumã. Fora isso, tivemos também as dificuldades de transporte dentro da reserva, pois a estrada estava intrafegável por conta da chuva”, disse Nascimento.
De acordo com os pesquisadores envolvidos, a torre irá fornecer informações fundamentais para os avanços das pesquisas sobre as mudanças do clima. Para o diretor do Inpa, Luiz Renato de França, os benefícios das pesquisas geradas não serão apenas regionais, mas também globais.
“Só podemos melhorar uma região a partir do conhecimento que temos dela. E esta torre irá gerar dados que permitirão um conhecimento maior sobre Amazônia, e logo os benefícios chegarão para a população. Mas esses ganhos transcendem a Amazônia, pois com as pesquisas relacionadas com as mudanças climáticas globais, o mundo todo se beneficiará das informações adquiridas nas pesquisas”, disse o diretor.
Expectativas
O coordenador da parte brasileira, o pesquisador do Inpa Antonio Manzi, conta que a ideia inicial de construir a torre veio do Instituto Max Planck da Alemanha, que já construiu uma torre de monitoramento na Sibéria, com 300 metros. Mas segundo ele, o Brasil propôs ampliação das áreas de pesquisas de ponta, como na área de química da atmosfera (para medir trocas gasosas, arressois e reações químicas), na área de física de nuvens (formação de chuvas), e na área de processos de transporte de energia e matéria (entre a floresta e a atmosfera).
“Outra linha de pesquisa que conseguimos inserir, com a utilização da torre ATTO, foi a de observação direta da dinâmica dos ecossistemas de floresta de terra firme, o qual pretendemos, em longo prazo, medir os efeitos das mudanças climáticas globais na região amazônica, por meio das medições das interações entre a atmosfera e a biosfera. Com isso, a torre se tornará referência mundial em pesquisas sobre florestas tropicais úmidas”, comentou.
Ainda de acordo com o pesquisador, quatro torres de 80 metros cada uma, ao redor da torre ATTO, serão construídas com o intuito de auxiliar a medição dos dados da torre principal. “Estamos contando que a torre funcione sem parar durante uns 20, 30 anos”, informou Manzi.
O investimento da cooperação científica entre Brasil e Alemanha foi de R$ 7,5 milhões para a construção da Torre ATTO, que faz parte do Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) do Inpa. A previsão é que seja entregue no fim de novembro de 2014.
Parceria
Estiveram presentes na cerimônia de lançamento da Torre ATTO representantes do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ana Lúcia Stival; da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Amazonas (Secti), Domingos Oliveira seinfra e fapeam; da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Cristiano Gonçalves e Caroline Yoshida; da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Alessandro Michiles. Representando o Instituto Max Planck de Química estavam: o coordenador alemão do projeto, Juergen Kesselmeier; o representante da sociedade Max Planck para a América do Sul, Andreas Trepte; e a assessora de Assuntos Científicos e Intercâmbio Acadêmico da Embaixada da Alemanha, Friederike Melzner. Além de pesquisadores e técnicos do Brasil e da Alemanha.
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