Cartilha produzida por técnicos do Inpa apresenta ferramenta de coleta e potencialidades do buriti
Lançamento acontece na primeira semana de junho. Obra é resultado de dois anos de pesquisa
Por Caroline Rocha/ Ascom Inpa
Foto: Fernanda Farias/ Ascom Inpa
Após desenvolverem uma ferramenta para coleta de cachos de 20 espécies de palmeiras da Amazônia, os técnicos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Afonso Rabelo e Felipe França, lançam na primeira quinzena de junho uma cartilha sobre o buriti. O objetivo é divulgar as potencialidades econômicas e nutritivas do buritizeiro (Mauritia flexuosa L. f.) e servir de fonte para novos experimentos culinários com o fruto.
De acordo com Rabelo, a cartilha “Buriti: coleta, pós-colheita, processamento e beneficiamento dos frutos” possui texto com linguagem fácil, ilustrações coloridas, além de apresentar o desenvolvimento de ferramentas para coletas dos cachos, a fenologia dos frutos, época de coletas dos cachos, amadurecimento dos frutos pós-colheita e os métodos para extração, processamento e beneficiamento da polpa.
A publicação é resultado de dois anos de pesquisas nas comunidades de Morena, localizada na Vila de Balbina, no município de Presidente de Figueiredo; Nova Vida, em Itacoatiara; e Pau-Rosa, na zona rural de Manaus. A obra poderá ser utilizada pela sociedade em geral, estudantes, pesquisadores, agricultores, extensionistas e comunidades extrativistas.
Segundo o técnico do Inpa, as palmeiras de buriti possuem importância ecológica, econômica, gastronômica, nutricional, social e ornamental. São muito frequentes e abundantes na natureza amazônica e seus frutos são considerados um alimento antioxidante, altamente energético e rico em carboidratos, fibras alimentares, lipídios, ácido oléico (ômega-9), proteínas, ß-caroteno (pró-vitamina “A”), vitamina “C” e minerais como cálcio, fósforo, potássio, ferro e possuem alto valor agregado.
“As ferramentas de coletas dos cachos podem aumentar a produtividade, reduzir custos de transportes e valorizar o extrativismo sustentado dos frutos de buriti, bem como promover a geração de novas atividades e geração de renda dentro das comunidades rurais”, contou Rabelo, que é engenheiro florestal.
Experimentos culinários
De acordo com o técnico Afonso Rabelo, assim como o açaí e o cupuaçu, o buriti tem amplo potencial para ascensão nos mercados regionais, nacional e internacional, já que o fruto é abundante na natureza, é nutritivo e possui alto valor agregado. Com isso, vários subprodutos podem ser produzidos pelas agroindústrias e encaminhados para lanchonetes, restaurantes, lojas que comercializam produtos naturais e ainda servir como completo da merenda escolar.
A equipe já desenvolveu 17 subprodutos alimentícios utilizando a polpa concentrada de buriti, como bolos, doces, cremes, biscoitos, mousses, pães, sorvetes caseiros e licores. A meta é alcançar 50.
Rabelo e França entendem que a valorização dos frutos nativos é uma grande ferramenta para promover o extrativismo sustentado e para preservação e conservação da Amazônia, já que 30 espécies frutíferas tem mercado estabelecido na região e outras em expansão nos mercados nacional e internacional.
Comercialização dos frutos
Segundo Rabelo, os frutos de buriti na forma in natura podem ser encontrados em algumas feiras na Amazônia, porém em quantidade inexpressiva. Para aumentar as ofertas de frutos nas feiras, ele argumenta que é necessário efetuar a coleta dos cachos do buriti e armazenar os frutos para amadurecimento por três dias. Após esse período os frutos podem ser acondicionados em paneiros ou sacos de ráfia para o transporte até o local da comercialização.
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