Inpa recebe mais um filhote do peixe-boi
Ascom Inpa
O animal chegou no fim da tarde desta quarta-feira (16) e já recebeu os primeiros cuidados da Equipe Amiga do Peixe-boi, que atua em parceria com o LMA/Inpa. O resgate foi feito pelo Batalhão de Policiamento Ambiental
Por Daniel Jordano e Séfora Antela
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) recebeu na tarde desta quarta-feira mais um filhote de peixe-boi. A fêmea de aproximadamente 3 meses foi resgatada em uma comunidade rural do município de Careiro da Várzea, interior do Amazonas.
De acordo com o Batalhão de Policiamento Ambiental, o animal estava preso em uma malhadeira, rede de pescar usada por ribeirinhos da região. O animal pesa 19 quilos e mede aproximadamente um metro de comprimento. Segundo o médico-veterinário do Inpa,Anselmo d'Affonsêca, com a chegada deste peixe-boi o Instituto recebeu 7 filhotes da espécie, somente este ano.
Ainda de acordo com o médico-veterinário, o animal está bem e deve receber os primeiros cuidados em Manaus e provavelmente deve ser transferido para o Centro de Preservação e Pesquisa dos Mamíferos Aquáticos (CPPMA), situado na Usina Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, interior do Amazonas. O Centro, mantido pela Eletrobrás Amazonas Energia S/A, atua em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Inpa e a Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa).
Ele ressalta também a importância da conscientização das pessoas no processo de resgate dos animais, uma que isso facilita para o sucesso da reabilitação da espécie em cativeiro.
“Há ferimentos que inspiram cuidados como o da cauda, mas no geral, o animal está bem. A fêmea deve ficar aqui em Manaus até esta semana e depois segue para Balbina. É importante as pessoas entrarem em contado com autoridades para o resgate, isso é um fator extremamente positivo”, destaca.
O número para que a população possa entrar em contato em casos semelhantes é o 3214-8904 e na área da capital do Amazonas (Manaus) o Batalhão de Policiamento Ambiental também atende pelo 190.
Resgate e reabilitação de peixes-bois
Mais de 80 filhotes de peixes-bois, cujas mães foram vítimas da caça ilegal, já foram reabilitados com sucesso pelo Laboratório de Mamíferos Aquático (LMA) do Inpa, que atua em parceria com a organização não governamental Ampa. Esse dócil mamífero tem sido foco de estudos por mais de 35 anos, pelo Inpa, e há quase 10, com a criação da ONG, é protegido pela Equipe Amiga do Peixe-boi da Amazônia. Cinco filhotes nasceram nos tanques do parque, o último foi no início de 2010. Atualmente, o LMA/Inpa abriga 45 exemplares da espécie. Desses são 8 adultos, 6 sub-adultos, 20 jovens e 11 filhotes. Em 2009, o LMA/Inpa recebeu um número recorde de animais dessa espécie, um total de 10. Só esse ano, somando com o que chegou, são 7 filhotes.
A bióloga da Ampa Gália Mattos explica que, no primeiro semestre do ano, o índice de capturas é maior que no segundo. “Esse é o período das cheias, quando as fêmeas têm mais facilidade para se alimentar. Por isso, essa é a época em que elas dão à luz, bem alimentadas, elas produzem mais leite para amamentar o filhote. Mais vulneráveis, por protegerem o filhote, elas se tornam alvo fácil dos caçadores. Uma vez apreendidas, os filhotes, consequentemente ficam órfãos”, explica.
Como tudo começou
Os cientistas do Inpa iniciaram, em 1974, os estudos sobre a biologia e conservação do peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) e em 1985, foi criado o CPPMA. Em 2001, depois de 27 anos de pesquisa, esses mesmos cientistas sentiram a necessidade de agilizarem a captação de recursos e promoção de campanhas destinadas à preservação e pesquisa dos mamíferos aquáticos da Amazônia. Foi então que criaram a Ampa.
A Ampa é uma organização não governamental, patrocinada pela Petrobras, e tem como missão promover atividades de proteção, conservação, pesquisa e manejo do peixe-boi da Amazônia, e dos outros mamíferos aquáticos existentes na região: lontra neotropical (Lontra longicaudis), ariranha (Pteronura brasiliensis), tucuxi (Sotalia fluviatilis) e boto-vermelho (Inia geoffrensis).
Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia: Conservação e Pesquisa
É um dos mais recentes e importantes projetos da Ampa. Criado este ano, o programa tem a missão de preservar os mamíferos aquáticos da Amazônia, afastando-os do iminente perigo de extinção, por meio de pesquisas e ações integradas.
O Projeto, patrocinado pelo Programa Petrobras Ambiental, é um dos mais expressivos investimentos já realizados em prol da preservação dos mamíferos aquáticos amazônicos. O objetivo dele é desenvolver estudos de ecologia, história natural e comportamento dessas espécies, com o intuito de fornecer subsídios para o conhecimento biológico das espécies, envolvendo o manejo participativo e, por conseqüência, ressaltando a importância ecológica desses animais junto às comunidades ribeirinhas.
Seja você também um amigo do peixe-boi
A preocupação com a causa da conservação da natureza e, consequentemente, com a preservação dos mamíferos aquáticos da Amazônia é uma crescente. Desde a última década, a Ampa tem recebido o apoio de pessoas físicas e jurídicas para a realização de suas ações de pesquisas, resgate e reabilitação de animais em cativeiro, o que comprova a afirmativa anterior. Graças a essas pessoas, foi possível ampliar os projetos de campanhas ambientais e reabilitar mais de 80 mamíferos aquáticos. Atualmente, a Ampa conta com dois Programas de filiação, um para pessoa física, denominado Amigo do Peixe-boi, e outro para pessoa jurídica Empresa Amiga do Peixe-boi.
Entre em contato com a Ampa e veja como se tornar uma pessoa ou uma empresa ambientalmente responsável e envolvida com as causas ambientais da Amazônia, por meio do site www.ampa.org.br, ou pelos telefones: 3184-3882 e 3084-0446.
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