Estudo avalia produção de borracha em áreas de várzea no AM
Ascom Inpa
A seringueira (Hevea brasiliensis) originária na Região Amazônica é a principal fonte de borracha natural e importante produto para a fabricação de vários materiais. Um estudo de mestrado sobre a seringueira será apresentado nesta sexta-feira, às 10h, no auditório do Bosque da Ciência, campus I do Inpa
Por Josiane Santos
O Estado do Amazonas já foi o maior produtor de borracha no mundo, atualmente, Tailândia e Indonésia são responsáveis pela produção mundial. O látex é utilizado para produção de luvas cirúrgicas, preservativos, próteses, pneus, balões, máscaras, bonecos, solados, pisos e revestimentos de borracha, entre outros produtos comuns no nosso cotidiano.
Tal matéria prima é tão importante devido às características como, flexibilidade, elasticidade, resistência à corrosão, impermeabilidade, fácil adesão ao aço.
Por conta dessa enorme importância e variedade no uso da borracha, um grupo de estudo formado por alunos de mestrado e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) vêm desenvolvendo pesquisas que visam à recuperação da produção da borracha natural no Amazonas.
Uma das pesquisadas foi desenvolvida por Peter Wimmer, aluno de Pós Graduação em Ciências de Florestas Tropicais do Inpa. A pesquisa investigou a produção de borracha natural em sistemas agroflorestais de várzea, no município de Itacoatiara (distante à 176 quilômetros de Manaus).
A pesquisa intitulada “Produção de Borracha Natural em Sistemas Agroflorestais de Várzea no Município de Itacoatiara”, foi orientada pelos pesquisadores do Inpa Sônia Alfaia e Newton Falcão. A pesquisa foi financiada pela Secretária de Estado de Produção Rural (Sepror) e os resultados obtidos serão utilizados para orientar o Programa de Recuperação da Cadeia Produtiva da Borracha Natural. O estudo foi realizado em 12 propriedades rurais situadas nas áreas de várzea em Itacoatiara.
O projeto foi realizado em três etapas. A primeira caracterizou os meios de produção das populações ribeirinhas e constatou que os sistemas produtivos são voltados para suprir a necessidade alimentar própria (agricultura familiar), mas também para a comercialização dos produtos.
A segunda etapa foi a caracterização dos sistemas agroflorestais por meio de um levantamento florístico, onde foi constatado que as seringueiras se encontram consorciadas com outras espécies de plantas como açaí, cacau, taperebá, bacabinha e banana. Ao todo, foram identificadas 54 espécies utilizadas para consumo e/ou comércio dentro destes sistemas.
A terceira etapa foi a avaliação da produção de borracha, que foi feita por meio da determinação do número de seringueiras produtivas, seu arranjo espacial, formas de extração e beneficiamento do látex utilizados pelos produtores, além da produtividade de látex por planta e intensidade de exploração das seringueiras.
Qualidade e produtividade da borracha
Apesar de o estudo constatar que técnicas de exploração dos produtores são adequadas para a região, a qualidade do produto final é baixa. Problemas como alto teor de umidade e impurezas interferem na qualidade final da borracha.
“Atualmente, toda a borracha que está sendo produzido no estado é para fabricação de pneus, no entanto, se a qualidade da borracha fosse melhorada, poderia ter uma finalidade mais nobre”, avalia Wimmer.
Para calcular a produtividade da borracha produzida na região, o pesquisador selecionou quatro árvores em cada seringal, classificadas de acordo com a classe de circunferência do tronco da árvore. Os maiores valores de produção foram de 11,8 e 15,8 gramas de borracha seca por sangria, para cada classe de circunferência, sendo estes resultados considerados modestos. No entanto, algumas árvores chegaram a produzir 31,3 gramas de borracha seca por sangria evidenciando alto potencial genético destes indivíduos.
Conforme Wimmer, o estudo propõe que estas árvores de produção elevada sejam selecionadas e se faça a reprodução dessas árvores, visando constituir seringais de alta produtividade com material genético adaptado as condições da região.
A apresentação da dissertação será nesta sexta-feira (11), às 10h, no auditório do Bosque da Ciência, campus I do Inpa, localizado na Avenida Rodrigo Otávio, Aleixo.
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