Inpa explora o potencial do umarizeiro em iguarias amazônicas
Foto: acervo pesquisador
O umari em sua forma in natura possui pouco valor, entretanto, quando usado na culinária para fazer pudins, bolos, sucos e sorvete, o fruto ganha importância comercial.
A experiência resultou em nove iguarias amazônicas que são capazes de agradar ao paladar de qualquer pessoa, como bolo, manteiga, biscoitos, paté, mousse, pudim, sorvete caseiro, torta e também brigadeiro
Por Caroline Rocha/Colaboradora Ascom Inpa
Foto: Acervo pesquisador
Conhecida popularmente pelos amazonenses pelo nome de ‘mari’ ou ‘umari’, cujo o nome cientifico é poraqueiba sericeia Tul. É uma fruteira nativa da Amazônia, podendo ser encontrada nas feiras da cidade de Manaus nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Os frutos são consumidos basicamente na forma in natura, o que motivou o técnico da Coordenação de Pesquisas em Biodiversidade (CBIO), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Afonso Rabelo a desenvolver várias iguarias e difundir as potencialidades dos frutos que até então não foram exploradas.
De sabor e aroma acentuado e marcante, o umari foi alvo de experiências culinárias do engenheiro florestal Afonso Rabelo e de sua esposa Maria das Dores Batista da Silva, que tiveram a ideia de utilizar a polpa do umari em receitas simples, que estão constantemente em nossas mesas. Ele conta que a ideia surgiu do seu livro “Frutas Nativas da Amazônia”, que tem como principal objetivo valorizar as frutas da região.
“Esta experiência resultou em nove iguarias amazônicas que são capazes de agradar ao paladar de qualquer pessoa. Com o umari conseguimos cozinhar: bolo, manteiga, biscoitos, paté, mousse, pudim, sorvete caseiro, torta e também brigadeiro. E essas receitas foram degustadas e aprovadas até por crianças”, conta o técnico.
De acordo com Rabelo, as receitas são dinâmicas e de fácil manuseio, então qualquer pessoa pode preparar as receitas em casa, basta substituir, por exemplo, o chocolate, laranja ou milho, pela polpa do umari.
Agregando valor ao fruto
De baixo valor comercial, com o custo aproximado de R$ 2,00 reais a dúzia, o umari é encontrado apenas nas feiras regionais e nos pequenos quiosques na beira das estradas, o que dificulta a conhecimento deste fruto para a população. Para Rabelo, isso se acontece porque “os jovens, principalmente os de 30 anos para baixo, não conhecem esses frutos. Porque eles não têm o hábito de ir em feiras regionais, vão apenas em supermercados”, disse.
Ainda segundo o pesquisador, o fruto do umarizeiro em sua forma in natura possui pouco valor, entretanto, quando usado na culinária para fazer pudins, bolos, sucos e sorvete, o fruto ganha importância comercial. O casal produz receitas a partir da alta da safra do fruto, ajudando assim, na preservação das espécies frutíferas e aumentando o conhecimento sobre elas. Eles ainda exploram as potencialidades culinárias de várias fruteiras desconhecidas, desvalorizadas e desperdiçadas para criação de novas receitas e valorização comercial.
Características botânicas
Predominante no alto Rio Negro, Solimões e Madeira, o umarizeiro é uma fruteira de porte médio, que pode alcançar até 15 metros de altura. A sua folhagem é abundante e ramificada. Suas flores amarelo-clara são pequenas e pouco vistosas. “São encontrados na Amazônia duas espécies de umari; uma com frutos de casca com coloração roxo-escuro e a outra com coloração amarelo-laranja. O umarizeiro é altamente produtivo, gerando renda extra, principalmente para os agricultores familiares. Rico em vitamina A, fibras, carboidratos, óleos e proteínas, o umari tem alto valor nutricional”, explicou Rebelo.
Lançamento do segundo livro
Em 2012, Afonso lançou o livro “Frutas Nativas da Amazônia”, publicado pela Editora INPA, onde catalogou 38 espécies de frutas regionais populares sendo comercializadas. Foram dois anos visitando feiras regionais, sítios, reservas e a própria floresta amazônica.
Em parceria com os ilustradores botânicos, Felipe França Moraes e Gláucio Belém do INPA e de sua esposa, Maria das Dores, pretende, até o ano de 2017, lançar um novo livro sobre 100 frutos nativos, entre eles, 20 frutas exóticas com ênfase em suas potencialidades econômicas, ecológicas, sociais e gastronômicas.
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