Ir direto para menu de acessibilidade.
Portal do Governo Brasileiro
Você está aqui: Página inicial > Últimas Notícias > Pesquisador do Inpa estuda capacidade das formigas arbóreas evitarem predadores
Início do conteúdo da página
Notícias

Pesquisador do Inpa estuda capacidade das formigas arbóreas evitarem predadores

  • Publicado: Quarta, 04 de Março de 2015, 15h27
  • Última atualização em Terça, 24 de Março de 2015, 11h02

 

Foto: Adrian Barnett

Entre os predadores da árvore arapari (Macrolobium acaciifolium), estão papagaios, macacos, araras e esquilos vermelho da Amazônia.

Estudo anterior demonstrou que formigas se defendem contra herbívoros, mas esta é a primeira vez que uma pesquisa, na América do Sul, observa o efeito repelente de formigas contra predadores de sementes, como os esquilos e os psitacídeos (família das aves nas quais encontram-se as araras e os papagaios, dentre outras)

Por Luciete Pedrosa – Ascom Inpa

Foto: Adrian Barnett

Elas são pequenas, mas quando se trata de defender a sua “casa” viram uma fera. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) realizaram um estudo para investigar se a presença de colônias de formigas árboreas da espécie Pseudomyrmex viduus, que vivem nas árvores, conhecidas vulgarmente por arapari (Macrolobium acaciifolium), um gênero de leguminosa, tem capacidade de evitar a predação das sementes por macacos, papagaios, araras e esquilos.

Os pesquisadores perceberam que os araparizeiros carregados de frutos abrigavam muitas formigas. Já outras árvores de arapari que não possuíam muitos frutos eram alvos de predadores. “Descobrimos que a presença de formigas reduziu, significativamente, tanto as taxas de visitação e de remoção das sementes pelo primata uacari de costas-dourada (Cacajao melanocephalus ouakary) e também por outros predadores, como papagaios (Amazona spp.), araras (Ara spp.) e esquilos vermelho da Amazônia (Sciurus igniventris)”, explica o pesquisador bolsista do Programa de Capacitaçao Institucional do CNPq, no Inpa/Coordenação de Biodiversidade, Adrian Barnett.

Ele conta que  as formigas árboreas se comportam instintivamente com o objetivo de defender as árvores onde habitam e desenvolvem uma  relação especializada com estas plantas. “Estas árvores podem ser alvos de predadores, e estes também podem destruir a principal fonte de alimentação das formigas”, diz o pesquisador, que é doutor em Antropologia Biológica, pelo Centro de Investigação em Antropologia Evolutiva e Ambiental da Universidade de Roehampton, no Reino Unido. 

Barnett explica que este alimento é uma secreção expelida de um bichinhos conhecidos por “insetos de escama” (da ordem Hemiptera, geralmente classificados na superfamília taxonômica Coccoidea e são do tamanho de uma cabeça de fósforo) e vivem permanentemente grudados nas folhas e galhos finos das plantas. “Estes insetos, quando estimulados pelas formigas, fabricam em seus corpos uma espécie de néctar do qual as formigas se alimentam”, conta o pesquisador.   

De acordo com ele, as formigas não têm interesse se os papagaios irão comer as sementes, ou não. “Elas estão preocupadas se os predadores vão comer as folhas e galhos onde estes “insetos de escama” vivem, acabando com sua alimentação”, explica o pesquisador, que, também, é membro do Amazon Mammals Research Group (na tradução livre, Grupo para a Pesquisa de Mamíferos Amazônicos), no Inpa.  

O estudo, publicado, no último dia 15, no Biological Journal of the Linnean Society, foi realizado por um grupo de pesquisadores anglo-brasileiros, que há oito anos desenvolvem trabalhos no Parque Nacional do Jaú (unidade de conservação localizada a 220 km de Manaus, entre os municípios de Novo Airão e Barcelos, no estado do Amazonas), porém, estudos preliminares são realizados, desde 1999, com um núcleo de pesquisa chamado Projeto de Estudo Igapó.

Barnett afirma que estudo anterior demonstrou que formigas áboreas se defendem contra herbívoros, mas esta é a primeira vez que uma pesquisa, na América do Sul, observa o efeito repelente de formigas contra predadores de sementes, como os esquilos e os psitacídeos (família das aves nas quais encontram-se as araras e os papagaios, dentre outras).

Os trabalhos de campo no Parque Nacional do Jaú foram liderados pelo pesquisador Barnett com a colaboração das pesquisadoras Thaís Almeida, da Universidade Federal de Mato Grosso; e Welma Sousa Silva, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

 

registrado em:
Fim do conteúdo da página