Tipos de solo influenciam diferenças genéticas em mandioca
Ascom Inpa
Estudo foi realizado com base na variação do DNA a partir das folhas
Por Aline Cardoso
Foi constatado que o tipo de solo em que a mandioca (Manihot esculenta CRANTZ) é cultivada influencia a variação genética encontrada entre as variedades da planta. A comprovação desse fato é resultado da pesquisa, realizada ao longo de dois anos, pelo pesquisador Alessandro Alves Pereira, mestrando do Curso de Genética e Conservação e Biologia Evolutiva (PPG-GCBEv) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT).
O estudo denominado “Dinâmica evolutiva de mandioca (Manihot esculenta CRANTZ) em três tipos de solos manejados por caboclos na região do médio Rio Madeira, Amazonas”foi desenvolvido sob coordenação do pesquisador, Charles Clement, da Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA), em comunidades rurais de Manicoré, no interior do Amazonas – a 390 quilômetros de Manaus.
De acordo com o pesquisador Alessandro Pereira, os diferentes tipos de solos amazônicos, onde a mandioca é cultivada, constituem um fator importante na diferenciação genética entre as variedades da espécie. Esses resultados foram alcançados a partir da análise, em laboratório, da variação em porções do DNA (denominadas microssatélites) das plantas coletadas em diferentes roçados (áreas de cultivo) e diferentes tipos de solo nessas comunidades rurais.
“A mandioca é um cultivo amazônico com uma grande quantidade de estudos genéticos, entretanto o aspecto do manejo em diferentes solos ainda não havia sido considerado”, disse Pereira.
As variedades de mandioca cultivadas na várzea são geneticamente diferenciadas das variedades que são cultivadas em solos de terra firme, sejam elas manejadas em Latossolos (solos inférteis) ou solos antropogênicos (terras pretas ou mulatas, com alta fertilidade).
“Além da diferenciação entre tipos de solo, foi encontrada uma grande variabilidade genética nas variedades cultivadas na região. Na prática, estes resultados são importantes porque quanto mais variação genética existir em uma espécie, maior será a probabilidade de que ela possa resistir às mudanças ambientais. Com isso nós esperamos que este estudo sirva também para a valorização das práticas tradicionais de cultivo dos agricultores da região, uma vez que eles manejam uma grande diversidade genética e são colaboradores para a conservação dos recursos genéticos da mandioca”, conclui o pesquisador.
Foto da Chamada: André Braga Monteiro (acervo CPCA)
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