Filhote de peixe-boi prematuro será reabilitado no Inpa
Ascom Inpa
O filhote que mede 62,8 cm é o menor já resgatado na história do Projeto Peixe-boi do Inpa
Por Wallace Abreu
Ascom/Ampa
A pequena Eva, assim apelidada pelos moradores da Comunidade Nossa Senhora do Carmo Eva, distante aproximadamente 50 km do município de Silves, interior do Amazonas, foi encontrada pelo agricultor ribeirinho Adoniram Lira, em frente ao Lago Tatuacá, nas margens do Médio Rio Urubu. O filhote foi encaminhado ao Parque Robin C. Best do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) às 20h30 desta quarta-feira (2).
O animal foi levado ao Inpa/MCT por Thayana Amorim, funcionária da Associação Silves de Preservação Ambiental e Cultural (ASPAC), e entregue à Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), que atua em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA/Inpa) e recebe incentivos do Programa Petrobras Ambiental.
“Trouxemos o filhote em uma caixa de isopor, envolvido por uma toalha umedecida, uma prática comum neste tipo de procedimento. De Silves até Manaus foram quatro horas de viagem, via terrestre, pela estrada AM-010”, relata Amorim.
O biológo Diogo Souza, pesquisador da Ampa, e o veterinário do Inpa Anselmo d’Affonseca receberam o filhote e realizaram os primeiros procedimentos durante à noite de ontem. “Colocamos o animal dentro de uma caixa d’água com pouca água. Ao passar da noite, o principal trabalho era manter a temperatura da água constante à 28°C e monitorar a frequência respiratória do filhote”, comenta Souza.
Na manhã desta quinta-feira (3), foi realizada a primeira biometria no filhote, na qual se constatou que é o menor animal já resgatado na história do Projeto Peixe-boi da Amazônia. Eva mede 62,8 cm de comprimento e pesa 4,950Kg.
Segundo d’Affonseca, o filhote tem todos os indicativos de um animal prematuro. “Não temos muitos parâmetros para fazer esta afirmativa, mas há muitos sinais de que ela seja sim um filhote prematuro e isso significa que ela tem grandes chances de vir a óbito. É um animal que precisará de muitos cuidados”, ressalta d’ Affonseca.
Depois da assepsia do animal, a bióloga Louzamira Biváqua realizou a primeira gravação de bioacústica (estudo da comunicação sonora de animais) com o filhote e não constatou nenhum registro sonoro de vocalização. Segundo Bivaqua, o único registro foi da respiração do filhote que estava muito ruidosa e incomum, quando comparado a respiração de filhotes saudáveis.
"A falta de vocalização constatada nas primeiras análises, aliada aos problemas na visão do animal pode ter favorecido a separação dele com sua mãe. No entanto, será necessário realizar outras gravações para confirmar se ela irá vocalizar, já que este comportamento é comum para filhotes de peixe-boi”, argumenta Biváqua.
O filhote continuará sob observação e ainda será submetida a outras avaliações de rotina. Conforme orientação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), o animal será posteriormente encaminhado ao Centro de Preservação e Pesquisa dos Mamíferos Aquáticos (CPPMA) (situado na área de atuação da Usina Hidrelétrica de Balbina – Presidente Figueiredo), instituição parceira da Ampa.
Foto da chamada: Séfora Antela
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