Encontro Brasileiro de Ictiologia propõe discussões em várias áreas de atuação
Ascom Inpa
Palestras abordam os aspectos políticos, estratégicos e empíricos sobre a construção de hidrelétricas no Brasil
Por Aline Cardoso
Nesta quarta-feira (2), o workshop “Hidrelétricas na Amazônia”, realizado durante o XIX Encontro Brasileiro de Ictiologia, contou com a participação de três palestras que abordam a construção de hidrelétricas sob três aspectos diferentes.
A primeira palestra foi ministrada pelo diretor de Monitoramento e Controle (DEMOC) do Ministério da Pesca e Aquicultura, Mauro Ruffino, com o tema: “O Sistema Nacional de Informações da Pesca e Aqüicultura (SINPESQ) como base para a tomada de decisões”. No discurso, foram abordados questões políticas e problemas com o atual sistema de licenciamento.
De acordo com Ruffino, “existe preocupação com os impactos sobre o recurso e não com a atividade” e ressalta que o papel do governo consiste nos estudos frequentes e coletas de dados em locais promissores à investimento hidrelétrico, havendo empreendimento nessas áreas ou não.
A segunda palestra contou com o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), Laurindo Campos, sobre “A Importância dos Bancos de Dados para um Planejamento Ambiental Estratégico na Amazônia”. Segundo Campos, todas as etapas de estudo e coleta de dados são muito ricas e podem ser bem aproveitadas: “as informações obtidas podem contribuir para o planejamento ambiental estratégico”, afirma.
Campos fez uma demonstração sobre o assunto através do trabalho que realiza no Núcleo de Biogeo Informática do Inpa, o componente de Gerenciamento de Dados do LBA, e afirma que o planejamento em campo para obtenção de dados se torna uma ferramenta eficaz no tocante à informação e a disseminação dela.
“O planejamento na coleta de dados deve estar presente em todas as áreas de atuação. O compartilhamento e a interação desses dados são essenciais para difundir a informação em escala global, portanto, a existência de um banco de dados para armazenar essas informações coletadas se faz necessário”, diz Campos.
Na terceira palestra, foi abordado o “Impacto de Hidrelétricas sobre a Ictiofauna no Brasil e no Mundo”, ministrada por Flávio Lima, do Museu de Zoologia de São Paulo. Conforme Lima, os impactos na biota aquática com a instalação e/ou construção de usinas hidrelétricas, sobretudo na Amazônia, “poderão causar alterações permanentes nos ciclos hidrológicos com consequentes prejuízos a uma considerável parcela da ictiofauna amazônica”, afirma.
De acordo com Lima, a problemática existente sobre a conservação da diversidade de peixes e o desenvolvimento hidrelétrico do país provoca discussões em toda a parte, mas sem sucesso, porém, existe uma solução viável para os empreendedores, ictiologistas e demais pesquisadores ambientais. “Fazer o estudo dos ecossistemas fluviais, a fim de que uma parte deles receba proteção, caso contrário, o Brasil será o país com maior diversidade de peixes do mundo – preservados em museus”, conclui.
Foto da chamada: Flávio Ribeiro
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