Ir direto para menu de acessibilidade.
Portal do Governo Brasileiro
Você está aqui: Página inicial > Últimas Notícias > Inpa desenvolve estudo sobre a diversidade genética do pássaro da espécie pretinho
Início do conteúdo da página
Notícias

Inpa desenvolve estudo sobre a diversidade genética do pássaro da espécie pretinho

  • Publicado: Quarta, 12 de Dezembro de 2012, 20h00
  • Última atualização em Quinta, 07 de Maio de 2015, 10h41

 

O pássaro pretinho (Xenopipo atronitens) está distribuído por toda a Amazônia e relacionado à espécie Xenopipo uniformis - conhecido como dançarino-oliváceo - que é endêmica dos Tepuis, localizada na parte norte do escudo das Guianas

Por Josiane Santos

Na região Amazônica, diferentes tipos de vegetação compõem o bioma: floresta densa de terra firme, várzea, igapó, campinas, campinaranas, cerrados ou savanas, floresta de bambu, entre outras. As características físicas dessas vegetações não são visivelmente distintas, elas acontecem de forma gradual e harmoniosa, permitindo que os animais não se fixem no mesmo lugar.

Uma pesquisa desenvolvida no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), que estuda a origem e diversidade genética da espécie Xenopipo atronitens, conhecida popularmente como pretinho - característica das campinas amazônicas -, pretende compreender a evolução deste ambiente e entender o movimento desses indivíduos entre campinas.

O estudo foi realizado em três regiões da Amazônia: Aracá, norte do município de Barcelos; Jaú, no município de Novo Airão; e Uatumã no município de São Sebastião do Uatumã (todos localizados no estado do Amazonas), intitulado “Combinando filogeografia e genética da paisagem para compreender a evolução de Xenopipo atronitens (Aves; Pipridae), uma espécie característica das campinas Amazônicas”, desenvolvido pelo estudante do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG-ECO) do Inpa, João Marcos Guimarães Capurucho. 

A pesquisa foi orientada pela tecnologista do Instituto, Camila Cherem Ribas, e coorientada por Cintia Cornelius Frische, pesquisadora colaboradora no Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) do Inpa e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), além de receber o financiamento das fundações de amparo à pesquisa do Amazonas (Fapeam) e de São Paulo (Fapesp).

João Capurucho afirma que a espécie Xenopipo atronitens está distribuída por toda a Amazônia e está relaciona a outra espécie: Xenopipo uniformis, conhecida como dançarino-oliváceo. As duas espécies têm provável origem na região de Tepuis, localizada na parte norte do escudo das Guianas.

Origens

Nessas regiões, de acordo com Capurucho, é possível que a formação da paisagem dos Tepuis pelo processo erosivo tenha levado ao isolamento entre as populações que deram origem a estas espécies. Ele ressalta que a origem pode ser fruto de um evento de dispersão das campinas para as terras altas nos Tepuis, ou vice-versa. “Ainda são necessários mais estudos para compreender a origem destas duas espécies a partir de um ancestral comum”, observa.

Em cada região de estudo foi coletado sangue de no mínimo 10 indivíduos da espécie Xenopipo atronitens, usando redes de neblina, para extração e análise do DNA em laboratório. “Nós queríamos entender a movimentação desses indivíduos entre as campinas e como eles têm essa característica de estarem isolados em plena floresta, queríamos entender como a composição do ambiente (mais ou menos floresta), influencia na conectividade entre populações”, explica Capurucho.

Por meio dos estudos filogeográficos - distribuição da diversidade genética no espaço - e de genética da paisagem - estudo da genética de populações e ecologia da paisagem - foi observado que apesar da espécie estar aparentemente isolada nas ilhas de campina, os indivíduos são geneticamente similares por toda a Amazônia.

O ecólogo observa que, após a análise do DNA dos indivíduos coletados, as populações não são geneticamente distintas, na escala da paisagem, que é a escala dentro de cada uma dessas regiões do Aracá, Jaú e Uatumã. “Nós não observamos nenhuma estrutura populacional, ou seja, os indivíduos aparentemente estão se movimentando entre essas campinas e não isolados em cada uma”, afirma.

O estudo sugere que esse não isolamento, diferente do que ocorre na região originária, têm duas explicações possíveis. “Este resultado pode significar duas coisas: primeiro, que os indivíduos são capazes de atravessar grandes extensões de floresta ou corredores de outros tipos de habitat (campinaranas e igapós, que são ambientes também utilizados pela espécie), mantendo assim, o fluxo gênico entre populações; ou as florestas de terra-firme são uma barreira ao fluxo gênico, sendo que este é restrito atualmente, e as populações foram isoladas recentemente após o último máximo glacial com a consequente expansão das áreas florestais”, avalia.

registrado em:
Fim do conteúdo da página