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Vestígios de ocupação humana em áreas consideradas intocadas são descobertos em estudos no Inpa

  • Publicado: Segunda, 10 de Dezembro de 2012, 20h00
  • Última atualização em Quinta, 07 de Maio de 2015, 10h40

 

Entre o interflúvio (área mais elevada situada entre dois vales) Purus-Madeira foram encontradas florestas antropogênicas e carvão mineral

Por Raiza Lucena

Estudos realizados pela estudante Carolina Levis, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPG Eco) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) para seu mestrado, junto com Priscila Figueira, Juliana Schietti, Thaise Emilio, José Luiz Pinto e Flávia Costa e com a colaboração do pesquisador Charles Clement, da coordenação de Tecnologia e Inovação do Instituto, mostraram sinais de ocupação humana em áreas antes consideradas “virgens”.

A pesquisa foi realizada em seis módulos do Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio) ao longo da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO), se restringindo a região do interflúvio Purus-Madeira. “O diferencial do meu estudo foi incluir uma perspectiva histórica dentro da ecologia e, sobretudo, mostrar que o homem teve um efeito sobre a composição de árvores da floresta no interflúvio Purus-Madeira”, frisa Levis.   

Baseados em outros estudos, pesquisadores pensavam que a domesticação da Amazônia não passava das margens dos rios principais, mas com a descoberta da extensão de florestas antropogênicas ao longo do interflúvio foram encontrados castanhais, seringais e caiauézais, próximo aos rios, além de Terra Preta de Índio e carvão mineral, como explica Clement: “A domesticação da paisagem é natural do homem. Por onde passam eles modificam o local. A pesquisa tem a intenção de mostrar até onde o homem pode ir com essa modificação, já que se espera uma área mais trabalhada perto do local onde ele mora e ao longo do caminho se espera menos modificações”, explana.

Em sua conclusão, de acordo com Levis, a pesquisa demonstrou que o uso sustentável e a conservação da Floresta Amazônica serão mais eficazes “se considerar o grau de domesticação da paisagem, já que a floresta ainda concentra árvores úteis resultantes do enriquecimento humano passado”.

Segundo Levis, os estudos irão impulsionar novas pesquisas na busca do entendimento do legado deixado pelas populações passadas na floresta, além de acentuar a importância da inclusão do efeito da população humana nos estudos ecológicos. A pesquisadora ainda planeja construir seu projeto de doutorado expandindo o tema deste estudo para outras áreas da Amazônia.

O estudo foi publicado na revista eletrônica PLOS ONE, disponível AQUI.

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