Soltura de quelônios marca última edição do Circuito da Ciência em 2012
Projeto do Inpa comemora 13 anos de realização com a soltura simbólica de 20 tartarugas-da-amazônia das 40 que nasceram no Lago Amazônico do Bosque da Ciência
Por Clarissa Bacellar
Cerca de 300 estudantes de escolas estaduais e municipais da capital amazonense participaram neste sábado (08) da última edição de 2012 do Projeto Circuito da Ciência no Bosque da Ciência (Rua Otávio Cabral, Petrópolis, s/nº ) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).
O Projeto ajuda à disseminar o conhecimento científico para as comunidades por meio de oficinas educativas, exposições científicas e jogos educativos, socializando a informação científica produzida no Instituto.
Durante seus 13 anos, foram realizadas 130 edições, sendo 10 por ano em quase todos os últimos sábados de cada mês, envolvendo cerca de 170 escolas municipais e estaduais, num total aproximado de 45 mil pessoas entre crianças e jovens que já conhecem as produções científicas do Inpa.
Para o coordenador do Bosque e do projeto, Jorge Lobato, na décima edição, além de mostrar a consolidação dos objetivos da iniciativa do Instituto, o sentimento é “de dever cumprido”. “Creio que não só o trabalho que a gente desenvolve (no Circuito) em prol da socialização do conhecimento divulgue o Inpa, ele permite que os jovens possam entender de uma forma muito mais observadora e vivenciem esse momento a relação entre homem e meio ambiente, [...] despertando essa curiosidade sobre a região. A gente percebe que ainda há nos nossos jovens amazônidas um certo distanciamento por falta de conhecimento sobre a própria região”, explicou Lobato.
Distribuir conhecimento
Para a estudante Bruna de Almeida Nunez, 10, da Escola Municipal Hiran Caminha (Bairro Jorge Teixeira), a experiência no estande de invertebrados terrestres vivos foi empolgante. “É a primeira vez que venho e eu não sou muito acostumada a pegar em bicho, porque eu tenho medo que me mordam, mas o besouro é calminho e ele só morde pra se defender. O circuito é muito legal, eu já vi preguiça, macaco, peixe, tartaruga, pássaros. Eu aprendi como sentar, aprendi a ser educada e jogar lixo no lixo”, narrou a estudante.
De acordo com a pesquisadora da Coordenação de Dinâmica Ambiental (CDAM), Elisiana Oliveira, as crianças sempre demonstram grande interesse pelos animais e lotam o estande com um misto de curiosidade e medo. “Bicho vivo chama muita atenção. E eles adoram, ficam doidos para pegar nos animais”, contou.
Soltura simbólica
Este ano, pesquisadores do Instituto foram surpreendidos com o nascimento de tartarugas-da-amazôniano Lago Amazônico (Bosque da Ciência).
A educadora ambiental Adriana Terra contou que durante a última semana, Lobato os informou que haviam nascido 40 filhotes de quelônios no Lago Amazônico e pediu a colaboração do Projeto “Tartarugas da Amazônia – Conservando para o futuro”, para a captura e avaliação dos animais. “Na área do lago tem uma quantidade razoável de areia e as tartarugas costumam desovar em áreas arenosas, em praias altas, mas elas acabaram desovando aqui no Bosque e nos chamaram para verificar que espécie que era, quantos ovos tinham, se vingariam esses ovos”, esclareceu.
Em comemoração aos 13 anos do Circuito, 20 filhotes foram soltos na Ilha da Tanimbuca por crianças que participavam do evento e os outros 20 serão soltos quando estiverem maiores, "com o casco mais resistente", como explicou Terra.
O projeto Tartarugas todo ano solta milhares de tartarugas na Reserva Biológica do Rio Trombetas em Oriximiná (Pará), com a participação da comunidade que protege a área em conjunto com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Nós medimos, pesamos e fazemos a soltura como uma forma de sensibilização ambiental, para as pessoas tentarem compreender a importância da tartaruga para o ecossistema”, destacou Terra.
De acordo com Lobato, em 2013 a proposta é ampliar a participação das comunidades e das escolas da região metropolitana de Manaus, como Iranduba, Novo Airão, Manacapuru, Presidente Figueiredo e Rio Preto. “Diante dos resultados positivos, pode-se dizer que o sucesso do projeto se deve, principalmente, as instituições e as empresas que apóiam as atividades e que estão preocupadas com a responsabilidade social e, consequentemente, com a preservação do meio ambiente na Amazônia”, afirmou.
Foto da chamada: Eduardo Gomes
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