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Inpa desenvolve pesquisa com abelhas que auxiliam produtores rurais

  • Publicado: Quarta, 05 de Dezembro de 2012, 20h00
  • Última atualização em Quinta, 07 de Maio de 2015, 10h37

 

Estudos realizados por pesquisadores do Instituto beneficiam a renda de agricultores em Manaus (AM)

Por Raiza Lucena

Hélio Vilas Boas (Acervo do pesquisador)
Abelhas sem ferrão, na prática da meliponicultura, são uma alternativa para a obtenção de mel sem a derrubada de árvores.

Popularmente conhecidas como jandaíra ou uruçu-boca-de-renda, as abelhas sem ferrão, da espécie Melipona seminigra, são as mais criadas no Amazonas juntamente com as abelhas jupará (Melipona interrupta).

Visando os benefícios em relação ao valor nutritivo da produção do mel das abelhas jandaíra, a preocupação com a preservação ambiental, além da renda que a produção poderia gerar, o técnico do Grupo de Pesquisa em Abelhas (GPA), Hélio Vilas Boas, orientado pela pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTI), Gislene Zilse, em seu Projeto de Mestrado do curso “Agricultura no Trópico Úmido – ATU/INPA”, intitulado “Multiplicação induzida de colmeias de abelhas Melipona seminigra Friese, 1903 (Hymenoptera, Apidae) submetidas a diferentes tipos de alimentação complementar, em Manaus – AM”, realizou estudos sobre a indução de colmeias em propriedades rurais.

A pesquisa, com início em Setembro de 2010, teve como objetivo verificar a capacidade de reprodução induzida de colmeias de abelhas jandaíra usando dois processos de multiplicação e de quatro tipos de alimentação suplementar. Inicialmente foram instaladas e monitoradas 40 colmeias matrizes e, no final da pesquisa, em novembro de 2011, alcançou-se 97 filhas, totalizando 137 colmeias no Meliponário. O local onde foram realizados os estudos foi o ramal do Brasileirinho, no Puraquequara (zona leste de Manaus). Este trabalho, dentre outras pesquisas realizadas nesta comunidade, fazem parte de projetos coordenados pelo Dr. Luiz Antonio de Oliveira com financiamento das agencias CNPq e FAPEAM.

O projeto contou com a ajuda de agricultores que tiveram cursos de capacitação para a criação e manejo técnico de abelhas sem ferrão, atividade conhecida como meliponicultura. A atividade não requer cuidados especiais, já que as abelhas não oferecem riscos para a saúde por não possuírem ferrão, por isso podem ser manejadas por qualquer público desde crianças até idosos.

Meliponicultura

As abelhas produzem alimentos para sua própria alimentação, os quais servem também para alimentação humana: mel e pólen. O excesso destes produtos pode ser extraído de uma colmeia para ser comercializado.  O mel pode render de dois a três litros por colmeia/ano e chega a ser vendido por até R$ 80. “A importância da produção não está só na geração de renda, mas também na nutrição que o mel pode acrescentar na alimentação dos produtores. Já o pólen, um produto mais nobre que o mel, é escasso na região, precisando de maior produção para atender a demanda”, explica Vilas Boas.

Segundo o pesquisador, a própria colmeia também pode ser vendida para auxiliar agricultores com a polinização em seus plantios. “O manejo não requer muita horas de mão de obra, o que é ideal para os agricultores poderem exercer suas outras atividades”, afirma.

Vilas Boas salienta ainda a importância da meliponicultura para a preservação ambiental: “Apesar de, na Amazônia, existem inúmeros ninhos naturais na floresta (...) acreditamos que é melhor trabalhar na multiplicação induzida das abelhas para a produção de mel, do que ir na mata e derrubar uma árvore centenária para obter a colmeia ou o produto dela”, afirma.

Dessa forma, a prática da meliponicultura se torna uma reação em cadeia para a conservação do ambiente: o agricultor não precisará mais derrubar árvores para obter mel, mas sim plantar mais para servir de pasto para as abelhas e o agricultor acaba sendo o que Vilas Boas denominou de “guardião da natureza”. “O uso de produtos químicos também fica fora de questão, assim criar abelhas sem ferrão é uma atividade de preservação da natureza em todos os seus aspectos”, frisa o pesquisador.

Rumos da pesquisa

O ensinamento da atividade de meliponicultura foi apenas a primeira parte de uma série de processos que o projeto continua realizando. Esse ano estão sendo desenvolvidas etapas de produção de mel e boas práticas de colheita e armazenamento, além da comercialização. Tudo isso, em parceria com outros pesquisadores e grupos de pesquisa que se firmaram ao longo do período de estudos, como a Nodesta-Reforestation & Education e o Grupo Ambiental natureza Viva (GRANAV).

GPA

O Grupo vem, desde 2000, realizando o desenvolvimento de pesquisas e promovendo o ensino e extensão com os seguintes objetivos: Conduzir pesquisas sobre a biologia e manutenção de abelhas nativas sem ferrão; Pesquisar sobre produtos das abelhas nativas (mel, pólen, própolis e cera); Desenvolver tecnologias para desenvolvimento da meliponicultura; Capacitar recursos humanos para o desenvolvimento da meliponicultura.

Foto da chamada: Hélio Vilas Boas (Acervo do pesquisador)
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