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Curiosidade infantil estimula difusão científica

  • Publicado: Quinta, 04 de Outubro de 2012, 20h00
  • Última atualização em Quinta, 07 de Maio de 2015, 08h17

 

O tema fez parte das primeiras atividades do I Fórum de Educação, Divulgação e Difusão em Ciências no Amazonas, sediado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI)

Por Clarissa Bacellar

Eduardo Gomes
Minicurso sobre formas de divulgar a ciência por meio do rádio, ministrado pela professora e radialista Edilene Mafra, também abordou a educação infantil

“O adulto não é mais o único responsável por instituir a criança na sociedade. A criança sabe fazer muita coisa, a questão é que nós não deixamos que ela faça. Nós ainda estamos lá no século XVII, achando que a criança é invisível e que não tem nada a oferecer”. Assim explicou a professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ),Eliane Fazolo, na primeira palestra do minicurso “Infância e divulgação científica” do I Fórum de Educação, Divulgação e Difusão em Ciências no Amazonas, que acontece nesta sexta-feira (5) e sábado (6) deno Auditório da Ciência noInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).

 

Diversidade, pluralidade e cultura infantil foram focos do minicurso, uma vez que as características culturais definem a multiplicidade infantil, logo, cada cidade, cada Estado, tem uma forma de criação e sustento para a variedade e diferença, portanto é necessário que os meios de comunicação estejam atento à forma como as informações são passadas às crianças. “Vamos pensar em divulgar questões da infância? De que infância? Para que veículo? Que criança é essa?”, questiona Fazolo, estimulando o pensamento sobre outros pontos de vista ao lembrar que a infância possui várias fases e que, portanto, a comunicação deve ser realizada da melhor forma possível.

Sociologia da Infância e a participação como princípio

Segundo a especialista em Sociologia da Infância pela Universidade do Minho (Portugal), Evelyn Noronha, a participação de crianças em processos de pesquisa como estratégia para a divulgação científica ainda é muito recente. “Se queremos fazer pesquisa e divulgar a ciência é preciso trazer as crianças para participação. Ora, a ciência não afeta a vida de todos nós? A ciência afeta também a vida das crianças e é preciso prepará-las para compreender isso”, expõe.

A educadora frisa que é preciso consolidar a imagem da criança como um sujeito de direito ativa em seus “mundos”. “Eu penso que hoje o espaço da criança no mundo é muito significativo. Se assistirem os jornais de agora em diante com essa visão, irão perceber como elas estão presentes nas lutas do mundo”, observa Noronha, que questiona: “Por que nós as ignoramos? Negamos que a criança trabalha, mas ela trabalha. Ela trabalha na escola, aprendendo, de maneira saudável. Mas também trabalha nas piores formas de trabalho infantil e faz parte de um sistema competitivo absurdo e individualista”.

Noronha lembra ainda que os que promovem a divulgação científica devem sempre ter em mente que assim como se busca fontes profissionais para validar uma informação que será veiculada, também é necessário que se consulte as crianças quando o assunto for pertinente a elas. “Nós achamos que sabemos tudo sobre criança porque já fomos crianças, mas somos adultos e nem por isso sabemos tudo sobre ser adulto”, comenta.

“Nós precisamos parar de ter medo de falar com a criança. Se não nos dermos conta de que os pontos de vista são diferentes, diversos, que as marcas culturais imprimem pra sempre as questões da sociedade na criança, se não nos dermos conta de que é preciso “sair de nós” para poder ouvi-las, vamos continuar trabalhando com uma infância, com uma criança, que não é nada e depende de nós para tudo”, repreende a professora Eliane Fazolo.

 

A pedagoga da Divisão de Difusão Cultural do Museu Amazônico e uma das organizadoras do fórum e palestrante no minicurso, Carolina Brandão, reforça a ideia de que é necessário ser alfabetizado cientificamente para que se possa contribuir no desenvolvimento da cidadania. “A divulgação científica contribui para a formação de cidadãos responsáveis, críticos e cientes de seu papel da sociedade”, afirma.

Divulgação científica em Rádio

Paralelo ao minicurso sobre a relação da infância com a divulgação científica, também aconteceu o minicurso sobre como é realizada a difusão da ciência por meio do rádio, importante veículo da comunicação por conta de seu vasto alcance.

Em suas várias formas de comunicar - seja informativo, esportivo, musical, debate, documentário, radio novela etc – o rádio é um dos meios que mais consegue mudar suas linguagens para atender os mais variados públicos.

“O que é interessante da divulgação científica no rádio é que ela se apropria dessas outras linguagens para transmitir o conteúdo. Isso é um desafio a ser realizado no dia a dia e você precisa conhecer seu público para poder potencializar esse conteúdo e deixar atraente a divulgação científica”, explica a coordenadora do Programa de Comunicação Científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Edilene Mafra, que exemplificou a questão com um áudio justamente sobre a interação da criança (suas dúvidas e curiosidades) com a ciência, por meio do projeto desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade das Crianças.

RADDICI

O Fórum é uma realização da Rede Amazonense de Educação, Divulgação e Difusão Científica (Raddici), formada por instituições que atuam com a popularização da ciência, seja no ensino, na pesquisa ou no fomento, com a intenção de constituir a troca de informações entre esses grupos, com a criação de uma rede de estudos e pesquisas orientada à reflexão, debate e socialização de suas estratégias de produção, difusão e popularização da Ciência.

Inpa;Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas(Fapeam); Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Instituto Leônidas e Maira Deane/Fundação Oswaldo Cruz(FioCruz); Universidade Federal do Amazonas (Ufam);Instituto Federal do Amazonas(Ifam);Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI-AM); Museu Amazônico e Casa da Física fazem parte dessa iniciativa.

O Fórum, que visa discutir a importância da educação científica por meio da troca de experiências e das iniciativas que têm sido realizadas pelas diversas instituições científicas do Amazonas, conta também com exposições de trabalhos no Bosque da Ciência, apresentações culturais e palestras e encerra neste sábado (6).

Para mais informações, acesse: http://www.forumraddici.com/.

Foto da chamada: Eduardo Gomes
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