Parceria entre Inpa, Harvard e UEA pretende estudar os efeitos da poluição nas interações biosfera-atmosfera
O projeto GoAmazon2014 foi apresentado na manhã desta segunda-feira (30) e tem a cooperação de instituições de pesquisas nacionais e internacionais
Por Josiane Santos
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) apresentou o projeto GoAmazon2014, uma parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e a Universidade de Harvard dos Estados Unidos, que pretende medir o efeito da poluição urbana sobre o funcionamento da atmosfera natural e do ecossistema analisando os ciclos do carbono e de vida dos aerossóis e das nuvens. O projeto foi apresentado nesta segunda-feira (30) no Auditório Professor Paulo Burheim, na sede da Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera (FDB).
O projeto surgiu após o convite do pesquisador Scot Martin, da Universidade de Harvard, convidando o Inpa e outras instituições brasileiras para participar de uma proposta de estudo para o Departamento de Energia dos Estados Unidos. “O Departamento de Energia disponibiliza um grande conjunto de equipamentos de medidas atmosféricas à comunidade científica, e tem equipe própria para instalar esses equipamentos e fazer as medidas, cujos dados são disponibilizados livremente na internet. Outros pesquisadores de outros lugares do mundo também poderão analisar os dados”, explica o pesquisador do Inpa, Antonio Manzi.
O projeto Green Ocean Amazon 2014 (GoAmazon2014) - Experimento do Oceano Verde Amazônia 2014 - tem por finalidade entender os ciclos de vida dos aerossóis, do carbono e das nuvens influenciadas pela poluição proveniente de uma grande cidade tropical e seus efeitos na biosfera e na atmosfera. O projeto pretende responder o principal questionamento: Qual é o efeito da poluição sobre o funcionamento da atmosfera natural e do ecossistema e as relações entre eles?
“O GoAmazon irá coletar dados que sejam capazes de produzir previsões como o funcionamento atual dos fluxos de energia, carbono, funcionamentos dos ecossistemas, fluxos químicos da região amazônica. Vamos ter a oportunidade de estudar as nuvens com e sem poluição dentro de uma região tropical, algo inédito, porque a maioria das pesquisas sobre as nuvens foram desenvolvidas nos Estados Unidos ou na Europa”, explica o pesquisador de Harvard.
Martin ressaltou ainda que as pesquisas pretendem compreender e quantificar, em ambiente tropical, as diferenças entre massas de ar puro e massa de ar que sofreram com ações humanas. “É ainda objetivo do projeto que o desenvolvimento desta base de conhecimentos sobre as influências das atividades antrópicas em um ambiente tropical natural possa ser combinado com o passado e com simulações de mudanças demográficas para determinar, por meio de modelagem, como invasão das florestas por áreas urbanas no passado e no futuro afetam o forçamento radiativo, os aspectos do ciclo hidrológico e a evolução do clima regional e global”, destacou o pesquisador.
As instalações dos equipamentos começaram em dezembro de 2011, na Fazenda Agropecuária Exata S/A, localizada no município de Manacapuru, interior do Amazonas. Ao todo 11 containers com equipamentos compõem o conjunto de sensores do projeto que têm previsão de funcionamento completo durante um ano a partir de primeiro de janeiro de 2014.
O GoAmazon2014 vai se beneficiar de equipamentos que estão instalados ou em fase de implementação em outros locais de experimentos do Inpa, como no Observatório Amazônico com Torre Alta (ATTO), localizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã – no município de São Sebastião do Uatumã no Amazonas; na reserva experimental do Inpa e Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) - ZF2, que disponibilizará dados de mais de 10 anos de medidas contínuas e que referenciarão o que for obtido por este projeto no que diz respeito ao clima regional; e outro ponto no Bosque da Ciência, na sede do Inpa em Manaus (AM), monitorando continuamente a qualidade do ar.
O professor da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Rodrigo Souza, um dos coordenadores do projeto, ressaltou que o mais importante é que o projeto irá trazer é formar mão de obra local com pessoas que já estão na região. “O projeto pretende, principalmente, formar recursos humanos. O projeto Ciências sem Fronteiras disponibilizou cinco bolsas (duas pelo programa de “Bolsa Sanduíche” e três de pós-doutorado). Estamos fazendo um esforço para que as pessoas envolvidas nesse projeto sejam da região para fortalecer outros grupos de pesquisas locais”, destacou. A UEA participará da formação de recursos humanos principalmente por meio do programa de pós-graduação de Clima e Ambiente, uma cooperação entre o Inpa e a Universidade.
Parceiros
Entre as Instituições parceiras na execução do projeto GoAmazon estão: Inpa/LBA, Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera (FDB), Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (CTA) e a Universidade de São Paulo (USP).
Redes Sociais