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Inpa cataloga frutos nativos da Amazônia em obra literária

  • Publicado: Terça, 28 de Fevereiro de 2012, 20h00
  • Última atualização em Terça, 28 de Abril de 2015, 08h53

 

Os 38 frutos ilustrados em aproximadamente 600 fotografias podem ser encontrados nas feiras de Manaus, no Amazonas.

Por Eduardo Gomes

Eduardo Gomes

O livro pode ser adquirido diretamente na Editora Inpa

“Tucumã, cupuaçu ou açaí? Tem pra todos os gostos e não custa caro viu freguês”. Ao ler o início desta matéria, você pode ter se imaginado dentro daqueles mercados ou feiras regionais, repletos de frutos nutritivos, exalando cheiro à quilômetros de distância. Mas será que ao ir nessas feiras você costuma comprar frutos nativos da região amazônica? Ou melhor, será que você conhece esses frutos?

Foi pensando nisso, que o técnico especializado em sistemática de palmeiras e fruteiras nativas da Amazônia, da Coordenação de biodiversidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Afonso Rabelo, publicou recentemente o livro “Frutos Nativos da Amazônia comercializados nas feiras de Manaus-Am”.

A obra é resultado de dois anos de pesquisas e explana sobre 38 espécies diferentes de fruteiras nativas da Amazônia, catalogadas em 10 feiras livres na cidade de Manaus. Para o processo de criação do livro foi necessário, primeiro, a caracterização botânica de cada espécie, onde foram destacados a descrição das plantas, hábito de crescimento, flores, folhas, frutos e sementes, além de exemplificar os principais usos, época da comercialização e preços dos frutos nas feiras, retratados em aproximadamente 600 fotografias.

O livro apresenta uma linguagem simples e objetiva, para que possa ser usado pela sociedade, sobretudo, por pequenos agricultores, estudantes e pesquisadores. Segundo Rabelo, os conhecimentos deste livro servirão também de fonte de consultas para “trabalhos voltados para pesquisas que visam, especialmente, à incorporação das fruteiras nativas em sistemas agroecológicos e no agronegócio, na criação de leis para proteção de fruteiras raras presentes em fragmentos florestais urbanos e para socialização do conhecimento científico”.

O autor explicou que a maioria das fruteiras nativas da região não apresentam potencial florestal madeireiro. Elas produzem frutos com qualidades e sabores bastante variados, com paladar aprazível. “Em geral, os frutos são consumidos na forma in natura, mas determinadas espécies apresentam frutos com potencial para uso na culinária e na agroindústria. Entretanto, pouco se sabe sobre a comercialização desses frutos nas feiras livres da cidade de Manaus”, complementou Rabelo.

Escassez de frutos

Rabelo contou que alguns frutos oriundos do extrativismo estão cada vez mais escassos nas feiras livres da cidade de Manaus, dentre eles destacam-se: Piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), Pajurá (Couepia bracteosa Benth), Sorvinha (Couma utilis (Mart.) Müll. Arg.), Uxi (Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.), Jatobá (Hymenaea courbaril L.), Bacaba (Oenocarpus bacaba Martius), Patauá (Oenocarpus bataua Martius) e Sapota-do-Solimões (Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer), em decorrência dos desmatamentos provocado para abertura de estradas, expansão agropecuária e desenvolvimento sócio-econômico, próximo das zonas urbanas.

De acordo com as pesquisas feitas para a elaboração do livro, essa perspectiva tem causado preocupação nos ambientalistas em relação à preservação das fruteiras no seu habitat natural. “Atualmente as espécies de Castanha-do-Brasil (.), Jatobá (Hymenaea courbaril L.) e Piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), sofrem com grande perda de variabilidade genética (seleção de variedades com formação de frutos grandes e nutritivos e plantas com crescimento rápido, resistentes a pragas e doenças), decorrente da supressão para retirada de madeira de excelente qualidade, prejudicando, sobretudo, futuros programas de melhoramentos genéticos dessas espécies”, ressaltou.

Potencial econômico

Rabelo cita em sua obra algumas fruteiras que apresentam grande potencial econômico e ótimas oportunidades de comercialização, geração de emprego, renda e melhoria da qualidade de vida, tendo em vista a boa aceitação pelos mercados regionais, nacionais e internacionais. “Açaí-do-Amazonas (Euterpe precatória Martius), Açaí-do-Pará (Euterpe oleracea Martius), Buriti (Mauritia flexuosa L.f.), Bacaba (Oenocarpus bacaba Mart.), Patauá (Oenocarpus bataua Mart.), Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.), Camu-camu (Myrciaria dubia McVaugh), Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal), Cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum.), Guaraná (Paullinia cupana Kunth), Murici-amarelo (Byrsonima crassifolia (L.) Kunth), Pupunha (Bactris gasipaes Kunth), Sorvinha (Couma utilis (Mart.) Müll. Arg.), Taperebá (Spondias mombim L.) e Tucumã (Astrocaryum aculeatum Mayer)”, elencou.

O técnico explica que a expectativa é de que a obra possa auxiliar na educação e no resgate da cultura regional: “Espero que os conhecimentos desse livro possam ser propagados, sobretudo, nas escolas de ensino fundamental, médio e universitário e, que os frutos possam ser mais valorizados, visando resgatar os costumes da cultura amazonense, especialmente dos manauaras, pelo consumo de frutas nativas, respeitando essencialmente, os conhecimentos, tradições e costumes das populações tradicionais da Amazônia”.

Além disso, destacou que é necessário desenvolver tecnologias por meio de pesquisas científicas inovadoras com o objetivo de aumentar a utilidade, conservação e agregação de valores econômicos aos subprodutos dos frutos, para serem comercializados, acreditando que os frutos amazônicos são um grande argumento para a manutenção da floresta em pé.

Serviço

A obra publicada pela Editora Inpa pode ser adquirida no valor de R$ 50,00 na livraria da editora, nas dependências do Instituto, localizado na avenida André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus-Am, ou contate-os pelo telefone (92)3643-3223. Mais informações sobre a obra podem ser encontradas aqui.

Foto da chamada: Eduardo Gomes
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