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Estudantes indígenas macuxis fazem visita técnica nas unidades do Inpa

  • Publicado: Segunda, 09 de Dezembro de 2013, 20h00
  • Última atualização em Segunda, 27 de Abril de 2015, 11h22

 

A visita tem o objetivo de agregar conhecimentos e aperfeiçoar os trabalhos que os técnicos indígenas estão desenvolvendo em Roraima

Por Luciete Pedrosa

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu nesta terça-feira (10) a visita de estudantes da curso técnico de agropecuária da Escola de Formação Indígena do Surumu (comunidade indígena que abriga cerca de 3 mil pessoas, situada na área da Reserva Raposa Serra do Sol, localizada a 250 km de Boa Vista, capital de Roraima, Norte do Brasil). Os estudantes, na faixa etária de 13 a 16 anos, pertencentes à etnia macuxi, vieram conhecer os trabalhos desenvolvidos pelo Inpa, em Manaus, nas áreas de piscicultura, produtos naturais e sementes.

De acordo com o professor Jecimar Malheiro, que veio acompanhando os alunos, a visita tem o objetivo de agregar conhecimentos e aplicar as técnicas repassadas. “Além disso, queremos aperfeiçoar os trabalhos que os técnicos indígenas estão desenvolvendo em todo o Estado de Roraima, num esforço de ajudar o povo indígena, no cultivo de hortaliças e frutíferas, na pecuária com a criação de gado e ainda na criação de peixes”, disse o professor.

A iniciativa da visita partiu da própria Escola de Formação Indígena do Surumu, que manteve contato com o Núcleo de Pesquisas do Inpa, em Roraima, que também é um parceiro daquela escola. Pela manhã, os visitantes foram conhecer o Laboratório de Piscicultura (localizado no Campus III do Inpa, no V-8). Durante a visita no local, o pesquisador da Coordenação de Pesquisas em Aquicultura, Jorge Fin, mostrou as técnicas de reprodução e alimentação das espécies de tambaqui (Colossoma macropomum), matrinxã (Brycon cephalus) e pirarucu (Arapaima Gigas), que é feito com o consórcio de ração e iscas de peixes.

Os estudantes macuxis também tiveram a oportunidade de assistir a uma demonstração prática da Hipofisação, que é uma técnica usada na reprodução artificial de peixes. A técnica é baseada na desova por indução a partir da aplicação de hormônios naturais presentes na hipófise de peixes maduros. “Foi muito importante essa primeira visita que tivemos no Laboratório de Piscicultura e vamos repassar todo o conhecimento que tivemos para os nossos colegas em Roraima”, disse o estudante Elinaldo Francisco da Silva.

Alunos e professor, à tarde, fizeram uma visita ao Bosque da Ciência, onde foram recebidos pelo Coordenador do Bosque, Jorge Lobato, que falou sobre o papel do parque, que é um instrumento que vem ajudando a divulgar a ciência e a tecnologia. “O Inpa criou este parque com 130 mil metros quadrados, o que equivale a 13 campos de futebol, que é um museu a céu aberto com trilhas interpretativas, animais soltos e em cativeiro científico, a Casa da Ciência e vários outros instrumentos que permitem ter essa relação de aproximação da ciência com a sociedade”, explicou o coordenador aos estudantes.

Os estudantes macuxis farão visitas a outras dependências do Inpa, até nesta sexta-feira, e estão recebendo apoio logístico da Coordenação de Tecnologia Social (COTS). Segundo os técnicos em Extensão Rural, Marcel Leão e Gário Carvalho, que acompanham os visitantes, constam da programação visita ao Laboratório de Farmacologia de Produtos Naturais e à Editora Inpa (no Campos I do Inpa), o Laboratório de Sementes (no Campus III do Inpa, no V-8) e à Unidade Experimental de Olericultura, localizada no Km-14, da Rodovia AM-010.

Um pouco de História

Na busca do direito a educação indígena, a Diocese de Roraima configurou-se aliada deste processo e junto com as organizações indígenas foi apoiando e assumindo sua parte desenvolvendo um trabalho intenso. O exemplo concreto disto foi a Missão Surumu, a qual se constituiu em um espaço das comunidades indígenas de formação e profissionalização em geral. Ali se desenvolviam atividades de capacitação para seleiros, marceneiros, vaqueiros, agentes de saúde e professores, além de ser espaço de debate e reflexão das comunidades e sua organização indígena. Em 1996, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) e a Diocese de Roraima programaram no Surumu um trabalho de formação de jovens indígenas visando à auto-sustentação das comunidades e o fortalecimento do processo de recuperação das terras, criando uma Escola de Agropecuária junto com o Ensino Médio. Surgia assim o Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS).

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