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Ementa: Conceito de biodiversidade; A flora, a fauna e a microbiota amazônica; Relações ecológicas nos diferentes ecossistemas amazônicos; Impactos antrópicos na composição florística, faunística e microbiológica amazônica; Valoração da biodiversidade; Conservação e uso sustentável da biodiversidade amazônica.
Marco teórico da disciplina: A Amazônia é um conjunto de paisagens heterogêneas cuja história ecológica incluiu a espécie humana desde o fim do Pleistoceno. Ao longo do Holoceno, a importância e impacto da espécie humana aumentaram conforme esta aprendeu a promover, manejar e criar (cultivar) paisagens em ecossistemas específicas, resultando em um conjunto de paisagens com grau variável de antropogénese na época da conquista europeia. Em 1540 a.C., no início da conquista regional, existiam pelo menos cinco milhões de pessoas na Amazônia e esta população certamente teve um impacto significante, muito maior que o reconhecido pelo romantismo do ‘índio vivendo em harmonia com a natureza’ tão comum no discurso atual sobre a região, especialmente entre aqueles que pregam o desenvolvimento sustentável baseado na floresta em pé.
O mosaico de paisagens antropizadas conteve uma maior área de transição ecológica (ecotono) do que as ecorregiões pré-humanas e, portanto, provavelmente maior biodiversidade. Os ecotonos tendem a ser mais produtivos e explicam uma parte do aumento teórico da biodiversidade; a outra parte vem da modificação da paisagem e da disseminação de espécies úteis e invasoras entre diversos ecossistemas, tanto regionais como extra-regionais, feita pelas populações humanas. Após a conquista, muitas destas paisagens foram abandonadas à sucessão ecológica natural, mas ainda apresentam evidências da influência indígena, mesmo após 500 anos. No entanto, uma implicação do abandono de grandes áreas de paisagens antropogênicas é a perda de biodiversidade, pois a extensão dos ecotonos diminui e espécies exóticas e domesticadas desapareceram de muitas áreas. Esta não é a Amazônia que você aprendeu na escola.
O impacto europeu aumentou conforme a população euro-brasileira cresceu após o nadir indígena (a partir de 1750 a.C.), alcançando cinco milhões novamente a meados do século XX, e aumentou ainda mais conforme a região foi integrada à economia nacional e internacional no final do século passado. Como no caso da população indígena pré-conquista, a nova população da Amazônia tem forte impacto ambiental. O novo impacto é qualitativamente diferente do impacto indígena, pois os conhecimentos indígenas milenares sobre a biodiversidade amazônica, e seu manejo e cultivo em paisagens antropizadas, foram perdidos em grande parte, sendo substituidos por modelos agro-industriais, geralmente pouco ou nada adaptados às condições ecológicas da Amazônia. Estes novos impactos estão reduzindo ainda mais a biodiversidade regional e podem contribuir para a extinção de muitas espécies ao longo do século em curso.
A partir da Convenção sobre a Diversidade Biológica (1992), a biodiversidade passou a ser patrimônio nacional (antes era patrimônio da humanidade) e com a Medida Provisória 1286 passou a ser informação. A mídia até divulga que a biodiversidade é o ouro verde do século atual. Será? Como patrimônio, esta biodiversidade tem um dever social para contribuir para o desenvolvimento regional – alguns até falam em desenvolvimento sustentável. Será que isto é possível? Esta disciplina pretende explorar a história da biodiversidade amazônica e as forças sócio-político-econômicas que influenciam o uso e destino da biodiversidade.
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Plano da Disciplina
(Arquivos de Palestras e Textos para Leitura da Disciplina)
A geo-política-econômica da biodiversidade amazônica - Clement & Lleras. [RTF]
Leitura:
Convenção s/a Diversidade Biológica: http://www.mma.gov.br/port/sbf/chm/cdb/cdb.html
MP 2186-16: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/MPV/2186-16.htm
A paleo-ecologia da Amazônia e a origem da BD - Arnaldo Carneiro Filho
Leitura:
Colinvaux, P.A.; Oliveira, P.E.; Bush, M.B. 2000. Amazonian and neotropical plant communities on glacial time-scales: The failure of the aridity and refuge hypotheses. Quaternary Science Reviews, 19: 141-169. [PDF]
van der Hammen, T.; Hooghiemstra, H. 2000. Neogene and Quaternary history of vegetation, climate and plant diversity in Amazonia. Quaternary Science Reviews, 19: 725-742. [PDF]
A flora amazônica - origem, magnitude, usos - Eduardo Lleras
Leitura:
Nelson, B.W.; Oliveira, A.A. 2001. Área botânica. In: Capobianco, J.P.R. et al. (Org.). Biodiversidade na Amazônia Brasileira. ISA & Estação Liberdade, São Paulo. pp. 132-176.
Lleras, E.; Leite, A. Biodiversidade sem Mitos. [RTF].
A fauna amazônica - origem, magnitude, usos - Mário Cohn-Haft
Leitura:
Barthem, R.B. 2001. Componente biota aquática. In: Capobianco, J.P.R. et al. (Org.). Biodiversidade na Amazônia Brasileira. ISA & Estação Liberdade, São Paulo.
Oren, D.C. 2001. Biogeografia e conservação de aves na região amazônica. In: Capobianco, J.P.R. et al. (Org.). Biodiversidade na Amazônia Brasileira. ISA & Estação Liberdade, São Paulo.
Haffer, J. 1969. Speciation in Amazonian forest birds. Science, 165: 131-137.
[PDF]
A entomofauna amazônica - origem, magnitude, usos - Claúdio Ruy V. Fonseca
Leitura:
MMA. 2002. Avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade na Amazônia brasileira. Ministério do Meio Ambiente, Brasília. pp. 87-88.
Erwin, T.L. 1988. The tropical forest canopy - the heart of biotic diversity. In: Wilson, E.O. (ed.). Biodiversity. National Academy Press, Washington, D.C. pp. 123-129. [URL]
A microbiota amazônica - diversidade, magnitude, usos - Luiz Antônio de Oliveira. [RTF].
Leitura:
Canhos, V.P.; Manfio, G.P. 2001. Recursos microbiológicos para biotecnologia. Relatório elaborado para o MMA e MCT, Centro de Referência em Informação Ambiental, Campinas. 26p. [PDF]
Oliveira, L.A.; Moreira, F.M.S.; Moreira, F.W. Ocorrências de microorganismos benéficos e ecossistemas amazônicos. In: Noda, H.; Souza, L.A.G.; Fonseca, O.J.M. (Eds.). Duas décadas de contribuições do INPA à pesquisa agronômica no trópico úmido. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus. pp. 221-240.
A sócio-diversidade amazônica - origem e atualidade - Ana Carla Bruno
Leitura:
Santos, F.R.; Tarazona-Santos, E. 2002. A história do povoamento pré-Colombiano das Américas e o cromossomo Y humano. In: Pena, S.D.J. (Org.). Homo brasilis - Aspectos genéticos, lingüísticos, históricos e socioantropológicos da formação do povo brasileiro. FUNPEC, SP. pp. 41-62.
Cunha, M.C.; Almeida, M.W.B. Populações tradicionais e conservação ambiental. In: Capobianco, J.P.R. et al. (Org.). Biodiversidade na Amazônia Brasileira. ISA & Estação Liberdade, São Paulo. pp. 184-193.
Ricardo, B. A sociodiversidade nativa contemporânia no Brasil e a biodiversidade na Amazônia. In: Capobianco, J.P.R. et al. (Org.). Biodiversidade na Amazônia Brasileira. ISA & Estação Liberdade, São Paulo. pp. 194-204.
Interações bio x sócio - impactos atuais e futuros - Philip M. Fearnside
Leitura:
Fearnside, P.M. 2002. Homem e ambiente na Amazônia. Manuscrito. 38p. [PDF]
Fearnside, P.M. 2002. A espécie humana como componente do ecossistema global no século XXI. Manuscrito. 16p. [PDF]
Interações bio x sócio - impactos pré-modernos - Bruce Nelson
Leitura:
Balée, W. 1989. The culture of Amazonian forests. In: Posey, D.A.; Balée, W. (Eds.). Resource management in Amazonia: Indigenous and folk strategies. Advances in Economic Botany, 7: 1-21.
Cleary, D. 2001. Science and the representation of Nature in Amazônia: From La Condamine through da Cunha to Anna Roosevelt. In: Vieira, I.C.G.; Silva, J.M.C.; Oren, D.C.; D'Incao, M.A. (Eds.). Diversidade biológica e cultural da Amazônia. Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém. pp. 273-293. [Leitura específica: p. 273 e pp. 290-293]
Erickson, C.L. 2000. An artificial landscape-scale fishery in the Bolivian Amazon. Nature, 408: 190-193.
Smole, W.J. 1976. The Yanoama Indians: A cultural geography. Univ. Texas Press, Austin. [Chapter 9: 199-211.]
Ecossistemas - relações ecológicas - William Magnusson
Leitura:
Magnusson, W.E. 2002. Diversity indices: Multivariate candies from Pandora’s box. Bulletin of the Ecological Society of America, p. 86-87.
Veech, J.A.; Summerville, K.S.; Crist, T.O.; Gering, J.C. 2002. The additive partitioning of species diversity: recent revival of an old idea. Oikos, 99: 3-9.
Valoração da biodiversidade - passado, presente, futuro - Alexandre Rivas
Leitura:
Hanemann, W.M. 1988. Economics and the preservation of biodiversity. In: Wilson, E.O. (ed.). Biodiversity. National Academy Press, Washington, D.C. pp. 193-199. [URL]
May, P.H.; Veiga Neto, F.C.; Chévez Pozo, O.V. 1999. Valoração econômica da biodiversidade no Brasil: Revisão da literatura. III Encontro da Soc. Bras. Economia Ecológica, Recife. [RTF]
A política brasileira sobre a biodiversidade - Henrique Pereira
Leitura:
Estratégia da Biodiversidade: http://www.mma.gov.br/port/sbf/index.cfm
Áreas Protegidas: http://www.mma.gov.br/port/sbf/index.cfm
Acesso à biodiversidade e aos conhecimentos tradicionais - Lucia Rapp Py-Daniel
Leitura:
Allegretti, M.H. 2000. O polêmico acordo entre a BioAmazônia e a Novartis. Depoimento à Comissão da Amazônia, Câmara Federal. [RTF]
Restauração e recuperação de ecossistemas - Eduardo Lleras
Leitura:
Jordan, W.R. 1988. Ecological restoration. In: Wilson, E.O. (ed.). Biodiversity. National Academy Press, Washington, D.C. pp. 311-316. [URL]
Uhl, C. 1988. Restoration of degraded lands in the Amazon basin. In: Wilson, E.O. (ed.). Biodiversity. National Academy Press, Washington, D.C. pp. 326-332. [URL]
Uso sustentável - sonho, retórico ou possibilidade real? - CR Clement & E Lleras
Leitura:
Wood, A. 2000. An emerging consensus on biodiversity loss. In: Wood, A.; Stedman-Edwards, P.; Mang, J. (Eds.). The root causes of biodiversity loss. Earthscan, London. pp. 1-10.
Wood, A. 2000. Recommendations on addressing the root causes of biodiversity loss. In: Wood, A.; Stedman-Edwards, P.; Mang, J. (Eds.). The root causes of biodiversity loss. Earthscan, London. pp. 80-94.
Clement, C.R.; Val, A.L.; Oliveira, J.A. 2003. O Desafio do desenvolvimento sustentável na Amazônia. T & C Amazônia, Ano 1, nº 3. p. 21-32. (Brasil). [Leia: http://www.inpa.gov.br/cpca/charles/des_sust_final.html].
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