Ao retirar a vegetação da floresta amazônica para algum uso econômico, nem sempre o resultado final é um sistema produtivo ou uma área regenerada (capoeira). Mais de 50 milhões de hectares já foram desmatados na região, o que corresponde à área agrícola cultivada no resto do país. No entanto, sem o conhecimento adequado, a maioria dessas áreas apresenta baixa produtividade e está em estádios avançados de degradação. Muitas vezes o solo é excessivamente arenoso, como nessa área distante 45 km de Manaus, ao lado da rodovia BR-174, que liga a capital amazonense a Boa Vista. Ao ficar descoberto, o solo sofreu um processo violento de erosão, transformando-o numa imensa voçoroca, onde cerca de 20 metros da camada superficial foram retirados e levados pelas chuvas. A presença do meu amigo Julio Cezar Franchini dos Santos (Embrapa-Soja, Londrina, Paraná) nas fotos serve de referência para se observar o dano drástico que a erosão causou no local. Em alguns locais, essas voçorocas estão
atingindo a borda da BR-174, o que implica em gastos para sua manutenção. Se houvesse um processo contínuo de planejamento e proteção, uma situação como a observada nas fotos jamais seria vista. Esse exemplo ilustra bem o que pode acontecer com o desmatamento indiscriminado da floresta sem que haja um mínimo de cuidado, planejamento e de conhecimento científico. Não ocorre apenas a erosão da biodiversidade da área; ocorre, de fato, a sua erosão total, quase irreversível. Só com elevados gastos de recuperação essas voçorocas poderão ser revertidas. O Brasil já conheceu esse problema, que por coincidência, ocorreu no norte do Estado do Paraná, região onde fica a cidade de Londrina, do meu amigo Júlio. Algumas décadas atrás, voçorocas eram muito comuns naquela região.
Só com elevados investimentos de recuperação e mudança do sistema de cultivo foi possível reverter o processo de erosão do solo. Com o uso eficiente do sistema de Plantio Direto, hoje o Paraná é um referencial de como o
conhecimento científico pode reverter áreas de terras destruídas em altamente produtivas.
SEM PLANEJAMENTO, CONHECIMENTO E SABEDORIA, OS ECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS PODEM SOFRER PROCESSOS DE EROSÃO TOTAL; PERDE-SE A BIODIVERSIDADE E TAMBÉM O SOLO,
ESSENCIAL PARA UMA REGENERAÇÃO FUTURA. (Luiz Antonio de Oliveira, 10/08/2003).
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Luiz Antonio de Oliveira – Ph.D.
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