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AMAZÔNIA 49 - HIDRELÉTRICA DE BALBINA

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Para minimizar o problema energético do Amazonas, nas décadas de 70 e 80 foi construída a Hidrelétrica de Balbina, distante cerca de 140 km de Manaus. A barragem feita no rio Uatumã, Município de Presidente Figueiredo, é considerada até hoje como um dos maiores desastres ambientais da Amazônia em todos os tempos. O lago inundou cerca de 240 mil hectares de floresta tropical contendo sítios arqueológicos e parte da reserva indígena dos Waimiri-Atroari. Prevista para produzir 250 megawatts de energia, com os cerca de 135 produzidos atende menos de 1/3 das necessidades de Manaus, a um custo de US$90,00 o megawatt, quando o preço de mercado na Região Sudeste é de US$30,00. Se minimizou o problema de desabastecimento de Manaus, criou um grande lago que se tornou um cemitério de árvores (foto 1) a um custo ecológico muito grande. Hoje esse lago é muito explorado para a pesca do Tucunaré (foto 2), peixe muito apreciado pela população regional e preferido nas pescarias esportivas. A área inundada, sem que a floresta fosse retirada, é igual à do reservatório de Tucuruí, Pará, com capacidade de geração 30 vezes maior.

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O grande problema de se construir hidrelétricas na planície amazônica é o relevo muito plano da região. Segundo alguns cientistas, milhões de anos atrás a Amazônia tinha um mar em seu interior, que foi coberto pela deposição dos Maciços das Guianas e Brasileiro. Os rios então formados corriam para o Oceano Pacífico. Com a elevação das Cordilheiras dos Andes, o fluxo desses rios teve que se inverter e desaguar no Oceano Atlântico. Por isso, temos uma planície enorme a apenas poucos metros acima do nível do mar. Manaus, distante mais de 1000 km do Atlântico, fica apenas a 40 metros acima do nível do mar. Qualquer barragem para a construção de hidrelétricas nessa situação irá inundar uma área muito grande, a um custo ecológico elevado, mas com uma baixa produção de energia.

Outras fontes de energias deveriam ser melhor exploradas na Amazônia, como o gás natural e o petróleo de Urucu. Outra alternativa é a produção de energia da queima de madeira. Se bem manejada e explorada, toda a madeira coberta pela Hidrelétrica de Balbina poderia gerar mais energia sem o custo ecológico acarretado pela inundação da área. Infelizmente, as pesquisas pouco avançaram nesse sentido. Um dos poucos estudos feitos com termoelétricas usando a madeira regional ignorou a presença de espécies madeireiras duras na mata, como a acariquara e o mata-mata. Nenhuma moedeira consegue triturar essas duas espécies sem quebrar. Mas com o uso do conhecimento científico pode-se criar florestas contendo espécies vegetais fáceis de serem moídas e que apresentam altos valores de energia (florestas energéticas). Em algumas regiões da Amazônia é possível usar essa alternativa para a produção de energia a custos ecológicos quase zero, pois é possível criar florestas energéticas com mais de 20 espécies lenhosas, em cujo interior pode-se cultivar plantas e peixes ornamentais, plantas medicinais, insetos de valor econômico comprovado, etc.

CONHECER OS ECOSSISTEMAS AMAZÔNICOS É DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA PARA APROVEITÁ-LOS DE FORMA RACIONAL E SUSTENTÁVEL. (Luiz Antonio de Oliveira, 27/07/2003).

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Luiz Antonio de Oliveira – Ph.D.
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
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