van Leeuwen, J.; Lleras Pérez, E.; Clement, C.R. 2005. Bancos de germoplasma podem impedir o desenvolvimento de uma cultura ao invés de promovê-lo: lições de bancos de germoplasma de palmeiras brasileiras “promissores” que falharam. Agrociencia, 9(1-2):61-66.
Resumo: Nos anos setenta e oitenta foram criados, na América Latina, diversos bancos de germoplasma para promover o uso de palmeiras “subutilizadas”. Passadas duas décadas, pode-se constatar que esses bancos não contribuíram para o maior uso dessas espécies, nem para seu melhoramento genético. Alguns já desapareceram e outros estão ameaçados de desaparecer. O grande trabalho com conservação genética, da época, fortaleceu a idéia errada de que um programa de melhoramento de uma espécie arbórea nativa se inicia com a criação de um banco de germoplasma. A questão da conservação de germoplasma se impõe, se ocorrer erosão genética séria, como no caso de arroz, trigo e milho pela aceitação maciça das variedades modernas da Revolução Verde, iniciada em meadas dos anos sessenta. As palmeiras “subutilizadas” não tinham e ainda não têm variedades melhoradas. Utilizando-se extensas listas de descritores gastou-se muita energia na caracterização dos materiais genéticos, mas os dados obtidos não se mostraram de grande interesse. Garantir, a cada ano, suficientes recursos para a execução adequada do trabalho com os bancos, mostrou-se muito difícil, ou até impossível. Os bancos de germoplasma acabaram absorvendo os parcos recursos para a domesticação dessas palmeiras prejudicando outras atividades. O melhoramento genético de novas culturas arbóreas deve-se iniciar com ensaios comparativos de materiais promissores, com desenho experimental apropriado. Quando um banco de germoplasma é necessário, seu delineamento deve evitar polinização entre material promissor e não promissor e entre variedades diferentes, e diminuir a possibilidade de cruzamentos entre plantas oriundas da mesma matriz.